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DISCURSO DO PAPA BENTO XVI
AO SENHOR CÉSAR MAURICIO VELÁSQUEZ OSSA
NOVO EMBAIXADOR DA COLÔMBIA JUNTO DA SANTA SÉ
 POR OCASIÃO DA APRESENTAÇÃO
DAS CARTAS CREDENCIAIS

Segunda-feira, 18 de Outubro de 2010

 

Senhor Embaixador!

No momento em que apresenta as Cartas que o acreditam como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da Colômbia junto da Santa Sé, é com grande prazer que lhe dou as boas-vindas e, reiterando o vivo afecto que sinto pelos amados filhos da sua Pátria, formulo votos para um fecundo serviço no desempenho da missão que o seu Governo lhe confiou. Quero manifestar-lhe o meu reconhecimento pelas palavras que me transmitiu por parte do Presidente da República, Senhor Juan Manuel Santos Calderón, que recentemente assumiu a responsabilidade de guiar esta amada Nação ao longo dos caminhos do progresso na justiça, no respeito absoluto dos direitos fundamentais da pessoa e no caminho constante em direcção de objectivos humanos e espirituais cada vez mais nobres e elevados. Peço-lhe a amabilidade de fazer-lhe chegar os meus melhores votos de paz e bem-estar, juntamente com a certeza da minha oração para o fecundo exercício de um trabalho tão importante.

A sua presença, Excelência, e as suas amáveis palavras fazem-me recordar o afecto e a devoção de um povo conhecido pelas suas virtudes humanas e cristãs puras e pelas suas profundas raízes católicas que, mesmo em situações difíceis de vários tipos, soube conservar a sua fé em Deus e a sua firme vontade de cultivar e praticar os valores do Evangelho, fonte inesgotável de energia e de inspiração para comprometer-se nas causas mais nobres.

Vossa Excelência, inicia o seu delicado mandato junto da Santa Sé num momento particularmente importante para a Colômbia. Com efeito, este ano terá lugar a comemoração do Bicentenário do início do processo que levou à Independência e à Constituição da República. Tenho a certeza de que este significativo aniversário será uma ocasião única para receber os ensinamentos que a história oferece, para intensificar as iniciativas e as medidas capazes de consolidar a segurança, a paz, a concórdia e o desenvolvimento integral de todos os seus concidadãos e para olhar para o futuro que se está a aproximar com serenidade e esperança. Neste caminho é de fundamental importância a participação de todos, de modo que os anseios mais profundos e os projectos do povo colombiano se tornem cada vez mais uma realidade feliz e prometedora.

Não só durante estes últimos dois séculos, mas desde dos primórdios da chegada dos espanhois à América, a Igreja católica esteve presente em cada etapa da transformação histórica do seu País, sempre desempenhando um papel fundamental e decisivo. De facto, o generoso trabalho de tantos bispos, presbíteros, religiosos e leigos deixou um traço indelével nos vários âmbitos da história da sua Pátria, como a cultura, a arte, a saúde, a convivência social e a construção da paz. Trata-se de um património espiritual que brotou, durante anos e em todos os cantos da Colômbia, em inúmeras e fecundas realizações humanas, espirituais e materiais. Estes esforços, não isentos de sacrifícios e adversidades, não podem ser ignorados. Vale a pena preservá-los como uma preciosa herança e reforça-los come uma proposta benéfica para a Nação inteira. A este propósito, fiel ao mandato recebido pelo Senhor, a Igreja, no âmbito do Bicentenário, continuará a oferecer o melhor de si ao povo colombiano, mostrando-se solidária com as suas aspirações de superamento e ajudando todos a partir da missão que lhe é própria. Neste sentido, na mensagem que dirigi, a 30 de Junho de 2008, à Conferência episcopal da Colômbia, por ocasião do Centenário da sua fundação, tive a oportunidade de exortar os bispos para que, com clarividência e recebendo o testemunho eloquente do empenho apostólico dos pastores que os precederam, continuassem «a responder com pronta dedicação, fé firme e renovado fervor aos desafios que se apresentam à Igreja na sua pátria», servindo «com entusiasmo todos, especialmente os menos afortunados, levando-lhes uma mensagem de paz, de justiça e de reconciliação». Nesta tarefa estimulante, a Igreja na Colômbia não exige privilégio algum. Deseja só poder servir os fiéis e todos aqueles que lhe abrem as portas do próprio coração, coma a mão estendida, e sempre disponível para reforçar tudo o que promove a educação das novas gerações, a assistência dos doentes e dos idosos, o respeito para com os povos indígenas e as suas legítimas tradições, o desenraizamento da pobreza, do narcotráfico e da corrupção, a atenção para com os detidos, os desalojados, os emigrantes e os trabalhadores, como também a assistência às famílias necessitadas. Trata-se, em conclusão, de continuar a oferecer uma leal colaboração para o crescimento integral das comunidades nas quais os pastores, os religiosos e os fiéis desempenham a própria tarefa, levados só pelas exigências que nascem da sua ordenação sacerdotal, da sua consagração religiosa e da sua vocação cristã.

Neste contexto de recíproca colaboração e de cordiais relações entre a Santa Sé e a República de Colômbia, das quais este ano se comemora o 165º Aniversário, desejo reafirmar o interesse por parte da Igreja a tutelar e promover a inviolável dignidade da pessoa humana, da qual é fundamental que o ordenamento jurídico respeite a lei natural nas áreas tão essenciais como a tutela da vida humana, desde da sua concepção até o seu fim natural, o direito de nascer e viver numa família baseada no matrimónio entre um homem e uma mulher e o direito dos pais a proporcionar aos filhos uma educação conforme com os seus critérios morais e as suas crenças. São todos pilares insubstituíveis na edificação de uma sociedade verdadeiramente digna do homem e dos valores que lhe são consubstanciais.

Neste solene encontro com Vossa Excelência, desejo expressar também a minha proximidade espiritual e garantir as minhas orações a quantos na Colômbia foram injusta e cruelmente privados da liberdade. Rezo também pelos seus familiares e, em geral, pelas vítimas da violência em todas as suas formas, rogando a Deus para que se ponha fim de uma vez por todas a tanto sofrimento e todos os colombianos possam viver reconciliados e em paz nesta terra bendita, tão rica de recursos naturais, de lindos vales e altas montanhas, com rios abundantes e paisagens pitorescas, que é necessário preservar como magnífico dom do Criador.

Senhor Embaixador, ao concluir o meu discurso, expresso-lhe de novo os meus bons votos para a missão que hoje inicia, na qual encontrará sempre o acolhimento e o apoio dos meus colaboradores. Enquanto invoco a materna intercessão de Nossa Senhora de Chinquinquirá para Vossa Excelência, e para os membros desta Missão diplomática, para o Governo e para o amado povo colombiano, peço ao Omnipotente que a sua Pátria esteja na primeira linha no serviço ao bem comum e à fraternidade entre todos os homens e peço-lhe para encorajar também os colombianos a percorrer sem hesitar os caminhos do entendimento recíproco e da solidariedade.

 

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