Index   Back Top Print

[ PT ]

PAPA FRANCISCO

MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA DOMUS SANCTAE MARTHAE

Perdão numa carícia
 
Segunda-feira, 7 de Abril

 

Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 15 de 10 de Abril de 2014

«Deus não perdoa com um decreto mas com uma carícia». E com a misericórdia «Jesus vai também além da lei e perdoa acariciando as feridas dos nossos pecados». «As leituras de hoje — explicou o Pontífice — falam-nos do adultério», que juntamente com a blasfémia e a idolatria era considerado «um pecado gravíssimo na lei de Moisés», punido «com a pena de morte» por lapidação. Com efeito, o adultério «vai contra a imagem de Deus, a fidelidade de Deus», porque «o matrimónio é o símbolo, e também uma realidade humana, da relação fiel de Deus com o seu povo». Assim, «quando se arruína o matrimónio com um adultério, esta relação entre Deus e o seu povo é manchada». Naquela época era considerado «um pecado grave» porque «se manchava precisamente o símbolo da relação entre Deus e o povo, da fidelidade de Deus».

No trecho evangélico proposto na liturgia (Jo 8, 1-11), que narra a história da mulher adúltera, «encontramos Jesus sentado ali, entre tanta gente, e catequizava, ensinava». Depois, «aproximaram-se os escribas e os fariseus com uma mulher que traziam à sua frente, talvez com as mãos amarradas, podemos imaginar». E assim «colocaram-na no meio e acusaram-na: esta é uma adúltera!». É uma «acusação pública». E narra o Evangelho, fizeram a pergunta a Jesus: «Que devemos fazer com esta mulher?». O único objectivo deles era «precisamente pôr à prova e armar uma cilada» a Jesus. Aliás, «talvez alguns deles até fossem adúlteros».

Por seu lado, não obstante estivesse ali tanta gente, «Jesus queria permanecer sozinho com a mulher, desejava falar ao seu coração: é o mais importante para Jesus». E «o povo tinha ido embora lentamente» depois de ter ouvido as suas palavras: “Se algum de vós estiver sem pecado, lance a primeira pedra”. A mulher não se proclama vítima de «uma acusação falsa», não se defende afirmando: «Eu não cometi adultério». Não, «ela reconhece o seu pecado» e responde a Jesus: «Ninguém, Senhor, me condenou». Por sua vez, Jesus diz-lhe: «Nem Eu te condeno...».

Assim «Jesus para usar misericórdia» vai além «da lei que prescrevia a lapidação». A ponto que diz à mulher que vá em paz. «A misericórdia — explicou o Papa — é algo que dificilmente se compreende: não anula os pecados», porque quem o faz «é o perdão de Deus». Mas «a misericórdia é o modo como Deus perdoa». Porque «Jesus podia dizer: mas Eu perdoo-te, vai! Como disse àquele paralítico: os teus pecados estão perdoados!». Nesta situação «Jesus vai além» e aconselha a mulher a «não voltar a pecar». E «aqui vê-se a atitude misericordiosa de Jesus: defende o pecador dos inimigos, defende o pecador de uma condenação justa». Isto, acrescentou Francisco, «é válido também para nós». Com este estilo, concluiu o Papa, «Jesus é confessor». Não humilha a mulher adúltera, «não lhe pergunta: que fizeste, quando o fizeste, como o fizeste e com quem o fizeste?». Ao contrário, diz-lhe que «vá embora e que não volte e pecar: é grande a misericórdia de Deus, é grande a misericórdia de Jesus: perdoar-nos, acariciando-nos».

 



Copyright © Dicastero per la Comunicazione - Libreria Editrice Vaticana