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PAPA FRANCISCO

MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA DOMUS SANCTAE MARTHAE

Não recear a alegria

 

Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 17 de 26 de Abril de 2014

Há muitos cristãos que têm «medo da alegria». O Papa Francisco definiu-os cristãos «morcegos», com um pouco de humorismo, os quais caminham com «cara de funeral», movendo-se na sombra em vez de se orientar «para a luz da presença do Senhor».

O fio condutor da meditação proposta pelo Pontífice durante a missa celebrada na quinta-feira, 24 de Abril na capela da Casa de Santa Marta foi precisamente o contraste entre os sentimentos que os apóstolos experimentaram depois da ressurreição do Senhor: por um lado a alegria por considerá-lo ressuscitado e por outro o medo de o ver de novo no meio deles, a entrar em contacto real com o mistério.

De facto, inspirando-se no trecho evangélico de Lucas (24, 35-48) proposto pela liturgia, o Papa recordou que «na noite da ressurreição os discípulos narravam o que tinham visto»: os dois discípulos de Emaús falavam sobre o encontro com Jesus ao longo da estrada e assim também Pedro. Enfim, «todos estavam contentes porque o Senhor tinha ressuscitado: tinham a certeza de que o Senhor ressuscitou». Mas exactamente «enquanto falavam», narra o Evangelho, «Jesus esteve no meio deles pessoalmente», e saudou-os dizendo: «A paz esteja convosco».

Naquele momento, frisou o Pontífice, aconteceu o contrário do que se podia esperar: mas qual paz. Com efeito, o Evangelho descreve os apóstolos «assustados e cheios de medo». Eles «não sabiam o que fazer e pensavam que estavam a ver um fantasma». Assim, prosseguiu o Papa, «todo o problema de Jesus é dizer-lhes: mas, olhai, não sou um fantasma, tocai-me, olhai para as chagas!». Enfim, os discípulos «preferiram pensar que Jesus fosse uma ideia, um fantasma, mas não a realidade». O trecho evangélico sugere, explicou o Pontífice, que «o medo da alegria é uma doença do cristão». Também nós «temos medo da alegria» e dizemos a nós mesmos que «é melhor pensar: sim, Deus existe, mas está lá, Jesus ressuscitou, está lá!», como para dizer: mantenhamos «um pouco de distância». «Temos medo da proximidade de Jesus porque isto nos dá alegria».

«Temos medo da alegria — prosseguiu o Pontífice — e Jesus, com a sua ressurreição, dá-nos alegria: a alegria de ser cristão, a alegria de o seguir de perto, a alegria de ir pelos caminhos das bem-aventuranças, a alegria de estar com Ele!». Ao contrário, «muitas vezes, ficamos assustados quando nos chega esta alegria, cheios de medo; ou pensamos que vemos um fantasma ou que Jesus é um modo de agir».

Por isso, afirmou o Pontífice, é preciso vencer «o medo da alegria» e pensar nas muitas vezes «em que não somos alegres porque temos medo».

O Papa Francisco concluiu a sua meditação invocando o Senhor a fim de que «faça com todos nós o que fez com os discípulos que tinham medo da alegria: abra a nossa mente». De facto, lê-se no Evangelho: «Então abriu-lhes a mente para que compreendessem as Escrituras». E rezou para «que o Senhor abra a nossa mente e nos faça entender que ele é uma realidade viva, que tem um corpo, que está connosco e nos acompanha, que venceu: peçamos ao Senhor a graça de não ter medo da alegria».

 



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