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PAPA FRANCISCO

MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA DOMUS SANCTAE MARTHAE

Não à burocracia na sacristia

 Quinta-feira, 8 de Maio de 2014

 

Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 20 de 15 de Maio de 2014

Muitas vezes há atitudes negativas que obscurecem a docilidade à chamada do Senhor, o diálogo atento à realidade do outro e a força da graça, isto é, os três momentos fundamentais da evangelização. Atitudes negativas que na igreja se concretizam quando a «burocracia» faz com que nos tornemos semelhantes a «uma empresa para fabricar impedimentos que afastam as pessoas dos Sacramentos». Tratou-se portanto de uma exortação a ser «facilitadores dos Sacramentos».

O trecho dos Actos dos apóstolos (8, 26-40) proposto na liturgia hodierna apresenta de modo claro, observou o Pontífice, os três momentos da evangelização. «O primeiro — explicou — é a docilidade de Filipe que vai anunciar Jesus Cristo». Estava comprometido «no seu trabalho de evangelizar» quando «o anjo do Senhor lhe disse: levanta-te, deixa isto e vai por ali, por aquela estrada». E Filipe obedeceu, «foi dócil à chamada do Senhor» e não hesitou deixar «tudo o que devia fazer».

O diálogo, prosseguiu o Papa, é o «segundo momento da evangelização». Os Actos dos apóstolos narram que ao longo da estrada Filipe encontra «um etíope, eunuco, funcionário de Candace, rainha da Etiópia», região onde governavam as mulheres, notou o Papa, citando também a «rainha de Sabá». Aquele homem era «administrador de todos os tesouros» do reino, um verdadeiro «ministro da economia». Estava a caminho «de Jerusalém para o culto porque era judeu». E o Senhor diz a Filipe: «vai e aproxima-te daquele carro». Filipe então pergunta-lhe: «entendes o que estás a ler?». Eis o ponto exacto que nos leva ao «segundo momento do processo de evangelização: o diálogo». O Pontífice comentou que o diálogo entre Filipe e o ministro etíope deve ter sido longo e centrado no baptismo porque «quando chegaram perto de um lugar com água, o eunuco disse: “Eis, aqui há água; o que impede que eu seja baptizado?”». Esta constatação, frisou o Papa, leva-nos ao terceiro momento da evangelização. «Aquele homem sentira a força de Deus dentro de si» e quando vê a água pergunta ao apóstolo o que impedia que fosse baptizado. E Filipe, explicou o Papa, sem nada dizer fê-lo descer do carro «e baptizou-o na água». Estamos diante da «força do Sacramento, a força da graça», frisou o Papa. Desta maneira, completa-se o processo da evangelização: docilidade do evangelizador, diálogo com as pessoas e a força da Graça.

Precisamente «este terceiro momento» da evangelização sugeriu ao Papa Francisco uma reflexão «sobre a pergunta que o administrador faz: o que impede que eu seja baptizado? O que está a impedir que a graça venha a mim?».

Muitas vezes — constatou no final da reflexão — afastamos as pessoas do encontro com Deus, distanciamos as pessoas da graça», porque não nos comportamos como «facilitadores dos Sacramentos». O trecho dos Actos, afirmou o Pontífice, «ajudar-nos-á a entender melhor que quem realiza a evangelização é Deus: “Ninguém pode vir a mim se não for atraído pelo Pai que me enviou”. É o Pai que atrai a Jesus. E, acrescentou, «Jesus tinha dito certa vez a Filipe: “Filipe, o Pai e eu somos um só”».

Na conclusão o Papa convidou a pensar «nestes três momentos da evangelização: «a docilidade da evangelização», fazendo a vontade de Deus, «o diálogo com as pessoas», assim como as encontramos, e «confiar-se à graça» porque «é mais importante a graça do que toda a burocracia».

 



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