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PAPA FRANCISCO

MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA DOMUS SANCTAE MARTHAE

Martírio com luvas brancas 

Segunda-feira, 30 de Junho de 2014

 

Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 27 de 3 de Julho de 2014

Ainda hoje estamos no tempo dos mártires: os cristãos são perseguidos no Médio Oriente onde são assassinados ou obrigados a fugir, também «de forma elegante, com luvas brancas». No dia em que a Igreja faz memória dos mártires dos primeiros séculos, o Papa Francisco convidou a rezar «pelos nossos irmãos que hoje são perseguidos». Porque, afirmou, hoje «não existem menos mártires» do que nos tempos de Nero. Portanto, foi precisamente ao martírio, à sua actualidade e ao que o caracteriza, que o Pontífice dedicou a celebração eucarística. «Na oração no início da missa — disse o Papa — assim invocámos o Senhor: “Senhor, que fecundastes com o sangue dos mártires os primeiros rebentos da Igreja de Roma”». É uma invocação apropriada, explicou, para a comemoração dos «primeiros mártires desta Igreja».

É particularmente significativo, observou o Papa, que «o verbo que usamos para invocar o Senhor é fecundar». Portanto, «fala-se de crescimento e de uma planta: isto faz-nos pensar nas várias vezes em que Jesus dizia que o Reino dos céus é como uma semente». Também «o apóstolo Pedro, na sua carta, nos diz que “fomos regenerados como uma semente incorruptível”». Numa parábola, Jesus explica precisamente que «o Reino dos céus é como um homem que lança a semente na terra, depois vai para casa, repousa, trabalha, vigia, de noite e de dia, e a semente cresce, brota, sem que ele saiba como».

Por conseguinte, a questão central, afirmou o Papa, consiste em perguntar-se «sobre o modo como fazer para que esta semente da palavra de Deus cresça e se torne o Reino de Deus, cresça e se torne Igreja». O bispo de Roma indicou «as duas fontes» que realizam esta obra: «o Espírito Santo — a sua força — e o testemunho do cristão».

Em primeiro lugar, explicou o Papa, «sabemos que não há crescimento sem o Espírito». Mas, prosseguiu, «é necessário também o testemunho do cristão». E «quando o testemunho chega ao final, quando as circunstâncias históricas nos pedem um testemunho forte, ali encontramos os mártires: as maiores testemunhas!». Eis então que «aquela Igreja é irrigada com o sangue dos mártires». Exactamente «esta é a beleza do martírio: começa com o testemunho, dia após dia, e depois pode acabar com o sangue, como Jesus, o primeiro mártir, a primeira testemunha, a testemunha fiel». Porém, para ser verdadeiro, o testemunho «deve ser incondicional» afirmou o Pontífice. O Evangelho proposto pela liturgia hodierna (Mt 8, 18-22) é claro a este propósito. O Papa convidou portanto a pensar «nos numerosos mártires de hoje que oferecem a sua vida a favor da fé: os cristãos perseguidos». «Pensemos no Médio Oriente» e também «nos cristãos afastados de forma elegante: também aquela é uma perseguição!».

 


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