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PAPA FRANCISCO

MEDITAÇÕES MATUTINAS NA SANTA MISSA CELEBRADA
NA CAPELA DA CASA SANTA MARTA

A santidade de todos os dias

Terça-feira, 12 de junho de 2018

 

Publicado no L'Osservatore Romano, ed. em português, n. 25 de 21 de junho de 2018

O testemunho do cristão é de “24 horas”, porque «começa de manhã quando me levanto e continua até à noite quando vou dormir». É um testemunho simples, anónimo, humilde, que não pretende reconhecimentos nem méritos. O Papa Francisco mencionou de novo a eficaz imagem evangélica que exorta a ser sal e luz para os outros e propôs «apenas uma reflexão sobre o nosso testemunho que pode fazer-nos bem», como sugeriu no início da homilia, referindo-se ao trecho do Evangelho de Mateus (5, 13-16). «O maior testemunho do cristão — afirmou — é dar a vida como Jesus fez, tornar-se um mártir, mártir e testemunha». Mas, acrescentou, «há também outro testemunho: o diário, testemunho que começa de manhã, quando acordo, até à noite quando vou para a cama; o testemunho quotidiano, o simples testemunho habitual».

«O Senhor diz que este testemunho é ser como o sal e a luz, aliás, tornarmo-nos sal e luz», explicou Francisco. Na realidade «parece pouco, porque o Senhor com as nossas poucas coisas faz milagres, faz maravilhas».

Eis porque, insistiu o Papa, «o cristão deve ter esta atitude de humildade: procurar ser apenas sal e luz». Portanto, ser «sal para os outros, luz para os outros, porque o sal não dá sabor a si mesmo» mas está «sempre ao serviço». E assim também «a luz não ilumina a si mesma» pois está «sempre ao serviço».

Por conseguinte, «sal para os outros» é a missão do cristão: «Pequeno sal que ajuda nas refeições, mas pequeno». De resto, «no supermercado o sal não é vendido à tonelada» mas «em pequenos saquinhos: é suficiente». E depois, prosseguiu, «o sal não se vangloria, porque não serve a si mesmo: está sempre ali para ajudar os outros, ajudar a conservar os alimentos, a dar sabor». Um «testemunho simples».

Portanto, «o cristão» deve ser «sal» e também «luz», insistiu Francisco. E «a luz não ilumina a si mesma: ela ilumina os outros, existe para os outros, para as pessoas, para nos ajudar nas horas da noite, na escuridão». É precisamente este o estilo de «ser cristão diariamente». Eis então que «o Senhor nos diz: “És sal, és luz” — “Ah, verdade! Senhor é assim, atrairei muitas pessoas à igreja e farei...” — “Não, farás com que os outros vejam e glorifiquem o Pai. A ti não será atribuído mérito algum”».

De facto, explicou o Papa, «quando comemos não comentamos: “como é bom o sal!”»; dizemos se for o caso: «boa a massa, gostosa a carne!». Mas «não dizemos: “sal gostoso!”». E «à noite quando voltamos para casa não dizemos: “boa a luz!”. Ignoramos a luz, mas vivemos com ela, que ilumina».

«Esta é uma dimensão que faz com que nós cristãos sejamos anónimos na vida», reiterou o Pontífice. De facto «não somos protagonistas dos nossos méritos, como aquele fariseu: “Dou-te graças Senhor porque sou um santo”». Francisco repropos «a simplicidade do testemunho cristão», sugerindo que «uma boa oração para todos nós, no final do dia, seria questionar-se: hoje fui sal? Fui luz?». Precisamente «esta é a santidade de todos os dias» concluiu o Papa, desejando «que o Senhor nos ajude a compreender isto».

 



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