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VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO
 A MOÇAMBIQUE, MADAGASCAR E MAURÍCIO
(4 - 10 DE SETEMBRO DE 2019)

ENCONTRO COM A COMUNIDADE DE AKAMASOA

DISCURSO DO SANTO PADRE

Antananarivo, Cidade da Amizade
Domingo, 8 de setembro de 2019

[Multimídia]


 

Boa tarde a todos vós! Boa tarde!

Para mim, é uma alegria, uma grande alegria encontrar o meu ex-aluno: o padre Pedro. Foi meu aluno na Faculdade de Teologia nos anos 1967-1968; depois, não estudou mais. Encontrou o amor por trabalho, para trabalhar. Muito obrigado, padre!

E uma alegria, igualmente grande para mim, é encontrar-me no vosso meio nesta grande obra. Akamasoa é a expressão da presença de Deus no meio do seu povo pobre; não uma presença esporádica, casual: é a presença de um Deus que decidiu viver e permanecer sempre no meio do seu povo.

Nesta tarde, encontrais-vos em grande número no próprio coração desta «Cidade da Amizade», que construístes e – não tenho dúvida – continuareis a construir com as vossas mãos, para que muitas famílias possam viver com dignidade. Vendo os vossos rostos radiantes, dou graças ao Senhor que ouviu o clamor dos pobres e manifestou o seu amor através de sinais palpáveis como a criação desta aldeia. Os vossos clamores nascidos do facto de não poderdes mais viver sem um teto, de verdes os vossos filhos crescer malnutridos, de não terdes trabalho, nascidos do olhar indiferente – para não dizer desdenhoso – de muitos, transformaram-se em cânticos de esperança para vós e quantos vos contemplam. Cada recanto destes bairros, cada escola ou dispensário é um cântico de esperança que recusa e faz calar toda a fatalidade. Digamo-lo com força: a pobreza não é uma fatalidade.

De facto, esta aldeia encerra uma longa história de coragem e ajuda mútua. Esta cidade é o resultado de muitos anos de trabalho duro. Na base, encontramos uma fé viva que se traduziu em ações concretas, capazes de «mover montanhas» (cf. Mc 11, 23). Uma fé que permitiu ver uma chance onde era visível apenas a precariedade, ver a esperança onde só era visível a fatalidade, ver a vida onde muitos anunciavam morte e destruição. Lembrai-vos daquilo que escrevia o apóstolo São Tiago a propósito da fé: «se ela não tiver obras, está completamente morta» (2, 17). Os alicerces do trabalho feito em comum, do sentido de família e comunidade consentiram restaurar, de forma artesanal e paciente, a confiança não só dentro de vós, mas entre vós, dando-vos a possibilidade de ser os protagonistas e os artífices desta história. Uma educação para os valores, através da qual as primeiras famílias que iniciaram a aventura com o padre Opeka puderam transmitir o enorme tesouro de compromisso, disciplina, honestidade, respeito por si mesmo e pelos outros. E pudestes compreender que faz parte do sonho de Deus não apenas o progresso pessoal, mas sobretudo o progresso comunitário, já que não há escravidão pior – como nos lembrou o padre Pedro – do que viver cada um só para si.

Queridos jovens de Akamasoa, gostaria de vos dirigir uma mensagem particular: Nunca desistais perante os efeitos nefastos da pobreza, nunca sucumbais às tentações da vida fácil ou do retraimento em vós mesmos. Obrigado, Fanny, pelo belo testemunho que nos deste em nome dos jovens desta aldeia. Queridos jovens, cabe a vós continuar o trabalho feito pelos mais velhos. A força para realizar tudo isto, encontrá-la-eis na vossa fé e no testemunho vivo que foi plasmado na vossa vida. Deixai desenvolver-se em vós os dons que o Senhor vos concedeu. Pedi-Lhe para vos ajudar a servir generosamente os vossos irmãos e irmãs. Assim, Akamasoa não será apenas um exemplo para as gerações futuras, mas sobretudo o ponto de partida duma obra inspirada por Deus, que encontrará o seu pleno desenvolvimento continuando a testemunhar o seu amor às gerações presentes e futuras.

Rezemos para que se difunda, por Madagáscar inteiro e noutras partes do mundo, o esplendor desta luz e possamos alcançar modelos de desenvolvimento que privilegiem a luta contra a pobreza e a inclusão social a partir da confiança, da educação, do trabalho e do empenho que são sempre indispensáveis para a dignidade da pessoa humana.

Obrigado, amigos de Akamasoa! Querido padre Pedro e colaboradores, uma vez mais obrigado pelo vosso testemunho profético, pelo vosso testemunho gerador de esperança. Que Deus continue a abençoar-vos.

Peço-vos, por favor, que não vos esqueçais de rezar por mim.

 



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