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VIAGEM APOSTÓLICA À ESPANHA
31 DE OUTUBRO - 9 DE NOVEMBRO DE 1982

MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II
AOS SEMINARISTAS DA ESPANHA

 

Queridos filhos que vos preparais para o sacerdócio

1. Apresento todos os dias ao Senhor a urgente necessidade que a Igreja do nosso tempo, também em Espanha, tem de encontrar jovens como vós, generosos e dispostos a assumir a alegre tarefa de tornar ministerialmente presente Cristo perante a geração que se prepara ou que virá no terceiro milénio da era cristã; e numa "época particularmente faminta do espírito" (Redemptor Hominis, 18).

Cabe a vós viver o momento especial e singular da vida da Igreja. Dais-vos conta da graça que o Senhor já vos concedeu? Fez ressoar em vós o chamamento para deixar tudo e O seguir (cf. Mt 4, 19-20); para estar com Ele e para ir pregar (cf. Mt 3, 14), à espera de vos comunicar o Seu espírito com a imposição das mãos, que fará de vós seus sacerdotes, sob signo pessoal no mundo que necessita ver claros os sulcos do Evangelho. De modo especial sois para os Bispos desta querida terra e para as comunidades eclesiais por eles presididas a esperança de porvir da Igreja na Espanha. O Papa compartilha esta esperança, manifesta-vos a sua confiança e afecto e reza por vós diariamente.

São muitos os santos, filhos desta bendita terra, que sentiram no coração o chamamento a colaborar na formação integral dos sacerdotes, ou futuros sacerdotes, segundo o modelo do Bom Pastor e dos Apóstolos. Também Santa Teresa de Jesus quis dar à renovação do Carmelo esta dimensão, oferecendo a oração e o sacrifício, especialmente para a santificação dos sacerdotes. S. João de Ribera dedicou os seus melhores esforços para a formação e renovação sacerdotal. São João de Ávila, grande promotor dos seminários no seu tempo e patrono do clero secular espanhol afirmava: "Se a Igreja quer bons ministros, deve promover a educação" (Memorial, I, n. 10),

Esta tarefa de preparação é aquela que agora vos ocupa, com a solicita ajuda dos vossos Bispos, superiores e formadores. Trata-se de um caminho que requer tempo e uma longa maturação, para vos transformardes em homens novos que saibam corresponder às exigências de uma nova etapa de evangelização.

Não vou recordar-vos agora todos os aspectos desta preparação, delineada desde séculos também na vossa tradição eclesial, e de modo mais recente no Concilio Vaticano II, sobretudo no Decreto Optatam Totius e nos documentos que se lhe seguiram, traçando as linhas às quais se deve ajustar a formação sacerdotal. Limitar-me-ei a recordar que vos preparais para ser "ministros de Cristo e administradores dos mistérios de Deus" (1 Cor 4,1). E é bem conhecido que, nos administradores, o que principalmente "se busca é que sejam fiéis" (ibid 2). Sede-o vós, deveras e com todo o coração!

2. E desde já, sois convidados a preparar e a assumir uma opção livre e irrevogável de fidelidade total a Cristo, à Sua Igreja e à vossa própria vocação e missão.

A fidelidade tem um carácter dialogai, interpessoal, esponsorial e comprometido. Significa uma mútua doação, uma amizade profunda, uma confiança plena, um compromisso permanente. Para entender o que significa ser fiéis, temos de olhar a Cristo, o Filho de Deus feito nosso Irmão, que afirma: "Não procuro a minha vontade mas a vontade d'Aquele que Me enviou" (Jo 5,30). Temos de dirigir o nosso olhar a Jesus, "a quem o Pai consagrou e enviou ao mundo" (Jo 10, 35) como "Bom Pastor que dá a vida pela suas ovelhas" (Jo 10, 11), como Redentor que "aprendeu pelos seus sofrimentos a obediência" (Heb 5, 8). A fidelidade não é, pois, uma atitude estática, mas um seguimento amoroso, que se concretiza na doação pessoal a Cristo, para O prolongar na Sua Igreja e no mundo.

Ao contemplar a Cristo, advertireis a Sua obediência de caridade pastoral, a Sua fidelidade aos desígnios salvíficos do Pai, com sinal ou expressão da fidelidade do Deus-Amor às suas promessas de salvação.

A vossa entrega deve ser marcada por este compromisso total. O "sim" do sacerdote é dado uma vez por todas, ainda que se renove todos os dias; e tem o seu modelo no "sim" pronunciado pelo próprio Cristo (cf. 2 Cor 1,18-19; Heb 10, 7). O Seminário deve ser escola desta fidelidade. Peço-vos que mediteis comigo sobre estes três aspectos que já mencionei: Fidelidade a Cristo, à Igreja e à própria vocação e missão.

3. Fidelidade, em primeiro lugar, a Cristo. O Seu chamamento é declaração de amor. A vossa resposta é entrega, amizade, amor manifestado na doação da própria vida, como seguimento definitivo e como participação permanente na Sua missão e na Sua consagração. Ser fiel a Cristo é procramá-1'O como Senhor ressuscitado presente na Igreja e no mundo, centro da criação e da história, razão de ser da nossa experiência.

Ser fiel a Cristo é amá-1'O com toda a alma e com todo o coração, de modo que esse amor seja a norma e o motor de todas as nossas acções. Esta fidelidade a Cristo reclama, portanto, que sejamos homens de uma caridade -pastoral aprendida na oração ou diálogo com o Senhor. Então aceitaremos vivencialmente a Sua pessoa, a Sua doutrina, a Sua acção santificadora e a Sua missão.

É na oração, especialmente litúrgica, onde se aprende o mistério da fidelidade de Cristo e a Cristo. Por isso no Seminário se deve cultivar, antes de tudo, a amizade com Cristo, centrada na Eucaristia e alimentada na contemplação e no estudo da Palavra de Deus. Não se pode exercer bem o ministério se não se vive em união com Cristo. Sem Ele nada podemos (cf. Jo 15, 5). Ao trabalhar por Ele (per Ipsum) é preciso fazê-lo com Ele (cum Ipso); ainda mais, n'Ele (et in Ipso). A união e a amizade com Cristo será a chave do equilíbrio necessário entre a vida interior e a acção apostólica (cf. Presbyterorum Ordinis, 13).

A Igreja espera encontrar nos sacerdotes pessoas espirituais, ou seja, que com a sua vida e conduta testemunhem, de modo verosímil e convincente, a presença de Deus e dos valores do espírito na nossa sociedade, que em grande parte se caracteriza pelo materialismo teórico ou prático, mas também por uma inextinguível sede de Deus e de valores espirituais. Isto deve ser vivido já desde os anos do Seminário. Sente-se a necessidade de testemunhas da experiência de Deus.

Permiti-me, pois, que vos repita o que, há alguns meses, dizia a um grupo de seminaristas croatas: "Vivei desde agora plenamente a Eucaristia; sede pessoas para as quais o centro e o cume de toda a vida seja a Santa Missa, a comunhão e a adoração eucarística. Sem uma profunda fé e amor pela Eucaristia, não se pode ser verdadeiro sacerdote... Oferecei a Cristo o vosso coração jovem na meditação e na oração pessoal. A oração é o fundamento de toda a vida espiritual... Orai com alegria e plena convicção, não só por dever e costume. Que a vossa oração seja a expressão concreta do vosso amor a Cristo. Esforçai-vos por chegar a ser bons mestres de oração, para que possais amanhã guiar dignamente as comunidades cristãs ao serviço divino" (Homilia de 27 de Abril de 1982).

A fidelidade de Cristo aos desígnios salvíficos do Pai para o bem de toda a humanidade, alcança na Cruz a sua máxima e culminante expressão. Por isso, para chegar a ser testemunha pessoal do Bom Pastor, é imprescindível a renúncia e a mortificação; sem uma salutar ascética e disponibilidade de serviço, profundamente enraizada nos vossos corações, já desde os anos de preparação, não chegareis a ser transparência de Cristo nem bons sacerdotes. Habituar-se ao esquecimento de si mesmo, é condição indispensável para amar verdadeiramente e preocupar-se só pelos interesses de Cristo. Este esforço de renunciar ao homem velho, de que fala o Apóstolo, vos converterá no "máximo testemunho do amor" (Presbyterorum Ordinis, 11).

Na vossa futura vida sacerdotal encontrareis momentos difíceis, contradições e solidão. "O discípulo não está acima do mestre", advertiu-nos o Senhor (Mt 10, 24). São ocasiões privilegiadas para crescer no amor, na doação aos outros e para transformar a solidão sensível numa solidão cheia de Deus.

Não esqueçais, além disso, que foi desde a Cruz que Jesus entregou como Mãe, ao discípulo amado, a Sua própria Mãe; e nele, especialmente a todos os futuros sacerdotes e apóstolos. Não podeis chegar a ser verdadeiros sacerdotes segundo o coração de Jesus, se não tomardes Maria como Mãe que, precisamente ao pé da Cruz, corrobora definitivamente a sua fidelidade virginal e materna.

4. Fidelidade, em segundo lugar, à Igreja. "Cristo amou a Sua Igreja e por ela Se entregou" (Ef 5, 25). Toda a vossa formação deve estar impregnada do "mistério da Igreja" (Optatam Totius, 9). Na Igreja nascestes como cristãos; acompanhou-vos ela depois ao despontar a vossa vocação sacerdotal, e prepara-vos amorosamente para o sacramento da Ordem.

Tudo isto vos convida a ser fiéis à Igreja, penetrando e amando o seu "mistério". A Igreja não é uma realidade meramente humana, mas o Povo de Deus, o Corpo de Cristo, o Templo do Espírito Santo, o "Sacramento Universal da salvação" (Ad Gentes, 1). A fidelidade a Cristo prolonga-se assim na fidelidade à Igreja, na qual Cristo vive, se faz presente, se aproxima de todos os irmãos e se comunica ao mundo.

A fidelidade à Igreja equivale a aceitá-la em toda a sua integridade carismática e institucional, como "Mistério" ou expressão do amor de Deus, que cativa o coração dos amigos de Cristo. A Igreja peregrina é constituída de pobres sinais que podem causar escândalo aos homens de pouca fé; mas para todo o bom cristão, e sobretudo para vós, o importante é descobrir nela o Cristo ressuscitado, que está presente e actua através destes mesmos sinais eclesiais.

São muitos os aspectos da fidelidade à Igreja: o amor filial, a responsabilidade missionária, a obediência, o sentido de Igreja, o espírito de comunidade, o serviço à Igreja local como membros do Presbitério, a unidade com o próprio Bispo e com a totalidade da ordem episcopal. Entre todos eles, vou deter-me num que se refere a um aspecto muito importante da vossa formação.

A Igreja ouve a Palavra de Deus em toda a sua integridade e é fiel em comunicá-la aos homens em cada circunstância concreta. Também o sacerdote deve transmitir com fidelidade a Palavra divina que ele antes de tudo recebeu e assimilou. Não se trata de uma ideologia ou de uma opinião pessoal, mas da Palavra revelada por Deus, proclamada pela Igreja, celebrada na liturgia, assimilada na contemplação, vivida pelos santos, aprofundada pelos doutores. O futuro sacerdote necessita, pois, de uma sólida formação doutrinal nos diferentes ramos do saber teológico e filosófico. Não insisto, pois estais convencidos disto e sei que vos empenhais em adquiri-la.

Em algumas ocasiões talvez não advirtais imediatamente a relação directa entre estes estudos e o futuro ministério. Deve-se ter paciência. É este o momento de enriquecer a vossa mente com conhecimentos e com métodos indispensáveis para saberdes orientar a vós mesmos e para serdes capazes de guiar os outros. A luz do mistério de Cristo descobrireis a importância de todo o saber filosófico e científico, e apreciareis o serviço dó Magistério da Igreja, descobrindo o seu significado e aderindo a ele com fidelidade (cf. Optatam Totius, 13-18).

Como ministros da Palavra, na vossa futura vida sacerdotal, devereis saber transmitir o Evangelho de forma que ele penetre a fundo na inteligência e no coração dos vossos crentes e que se encarne em toda a cultura e situação humana pessoal e social.

A fidelidade à Igreja implica uma abertura a toda a verdade. Para isso deve-se pôr a Palavra de Deus, que a Igreja "ouve religiosamente" (cf. Dei Verbum, 1), na mesma base do estudo. Deste modo vos abris harmoniosamente a novas luzes e graças que Deus concede à Sua Igreja em cada época histórica, para responder a novas situações humanas (cf. Gaudium et Spes, exposição preliminar).

Quando receberdes a ordenação sacerdotal, sereis chamados a ministérios muito diversos, que vós agora não podeis prever de maneira precisa. Dedicai-vos por isso, com empenho, à tarefa de adquirir uma preparação doutrinal sólida. Os estudos realizados em profundidade exigem, como é óbvio, sacrifício e dedicação; não se poderia aprofundar o mistério de Cristo, especialmente durante os cursos teológicos, se esse estudo fosse apenas um complemento de outros trabalhos ou de outros estudos que requerem tempo e atenção.

O arriscar tudo para seguir a Cristo inclui também esta dedicação plena à formação sacerdotal, especialmente durante os anos imediatamente precedentes à ordenação. É preciso preparar-se para poder iluminar de maneira cristã as situações humanas de hoje, sobretudo no campo dos direitos humanos fundamentais, da família, da juventude, dos sectores sociológicos e culturais, etc., até chegar a impregnar com o Evangelho os centros nevrálgicos da nossa sociedade.

É indispensável procurar que a vossa vida intelectual, a vossa vida litúrgica e espiritual, estejam unidas também com certa prática de vida pastoral (cf. Optatam Totius, 4 e 19-21). Por isso, juntamente com os bons e seguros tratados de teologia, deveis estudar também os autores clássicos da espiritualidade. E torna-se imprescindível uma orientação das leituras para garantir simultaneamente a informação e formação adequadas, uma coerência com a fé e com a piedade.

Esta e outras facetas da fidelidade à Igreja levar-vos-á a tornar-vos disponíveis para uma evangelização que não tem fronteiras. A vossa fidelidade missionária será demonstrada no serviço incondicional e generoso, já desde agora, na vida comunitária do Seminário e, mais tarde em qualquer cargo que a Igreja vos confie dentro da diocese ou ao serviço da missão universal.

5. A fidelidade, em terceiro lugar, ao carisma da vocação e missão. Recebestes uma graça ou carisma (o da vocação) que vos conduz para a participação, pelo sacramento da Ordem, no ser, no agir e no estilo de vida de Cristo Sacerdote Bom Pastor, para O prolongar na Igreja e no mundo. E uma participação na Sua unção e missão sacerdotal e pastoral.

A coerência vivencial com as exigências da própria vocação é um aspecto imprescindível da fidelidade. Trata-se de ajustar a própria vida ao objecto da opção fundamental assumida. Isto implica levar um estilo de vida coerente e concordante, que tenha em conta as necessidades dos nossos irmãos e da nossa sociedade, segundo a missão que cada um é chamado a desempenhar.

De facto, toda a educação do Seminário "deve tender à formação de verdadeiros pastores de almas" (Optatam Totius, 4). E, pois, uma formação de dimensão litúrgica, espiritual, intelectual, comunitária, disciplinar e de serviços pastorais na comunidade eclesial.

A fidelidade à própria vocação é fidelidade à missão que deve ser desempenhada como participação na missão de Cristo, recebida por meio da Igreja. Por isso, esta fidelidade está baseada na fidelidade a Cristo e à sua Igreja, levando o candidato ao sacerdócio a seguir o seu itinerário espiritual com um espirito de alegre doação de si mesmo, feita com amor e optimismo.

A vossa fidelidade a Cristo e à Igreja, segundo o próprio carisma e a própria missão, transforma-se na maior fidelidade ao homem e à sociedade do nosso tempo. É fidelidade de profunda amizade com Cristo que se manifesta com uma total disponibilidade pastoral. O sinal permanente e o estímulo desta doação incondicional a Cristo e à missão pastoral é o celibato livremente assumido antes da ordenação. O "Seguimento de Cristo" pela "vida apostólica" comporta que se deve deixar tudo para O seguir e participar, deste modo, na Sua missão que não tem fronteiras nem no coração nem na acção apostólica. O Bom Pastor fez-se obediente, casto e pobre (cf. Presbyterorum Ordinis, 15-17).

Recordo-vos, com o Concílio, que deveis aprender a pôr os meios sobrenaturais e naturais para viver esta doação, cultivando especialmente as normas espirituais e ascéticas que são aprovadas pela experiência da Igreja e que não são menos necessárias no mundo actual (cf. Optatam Totius, 8-11; Presbyterorum Ordinis, 18). Assim sereis capazes, entre outras coisas, de aceitar qualquer ministério que se vos confie, sem subordinar a vossa aceitação à conformidade com conveniências ou projectos pessoais. De facto, é necessário, chegar a tornar-se disponíveis para "colaborar no trabalho pastoral de toda a diocese e mesmo de toda a Igreja" (Lúmen gentium, 8).

Esta fidelidade que é coerência pessoal, deve ser também compreendida como sinceridade e autenticidade. Na própria vida não faltam escuridão e até fraquezas. £ o momento da direcção espiritual pessoal. Se se fala com confiança, se se expõe com simplicidade as próprias lutas interiores, se se continua sempre para a frente, não haverá obstáculos nem tentações que possam afastar-vos de Cristo. Dado que também não faltarão pequenas sombras que poderiam obscurecer a imagem de Cristo, que deveis oferecer com as vossas vidas, sede amantes da confissão sacramental frequente onde se purificam as vossas almas e recebereis a graça necessária para continuardes a ser fiéis a Cristo, à Igreja e à vocação sacerdotal.

Uma sã amizade e vida comunitária, já desde o Seminário, preparar-vos-á para a "íntima fraternidade" ou "fraternidade sacramental" que deve reinar em todo o presbitério diocesano (cf. Lumen gentium, 28; Presbyterorum Ordinis, 8), como garantia de perseverança na entrega e de fecundidade apostólica.

Também os vossos irmãos leigos deverão tornar presente Cristo no mundo. Mas de um modo diverso do vosso futuro e insubstituível ministério sacerdotal. O que Deus pôs nos vossos corações com o Seu chamamento corresponde a uma vocação específica, que é a de "agir como na pessoa de Cristo Cabeça" (Presbyterorum Ordinis, 2) e a de ser, na Igreja local ou diocese, o laço de união entre todos os carismas e vocações (Presbyterorum Ordinis, 9).

Procurai dar testemunho da vossa fé e da vossa alegria. Vós, com a vossa "alegria pascal" (Presbyterorum Ordinis, 11), sois as testemunhas e os promotores das vocações sacerdotais entre os adolescentes e os jovens da vossa idade. Encorajo-vos com todas as minhas forças a que sejais os primeiros apóstolos das vocações sacerdotais. Rezai e ajudai outros a estarem ao vosso lado. Que o vosso Seminário ofereça o exemplo cativante de uma comunidade familiar que vive com alegria a presença, a palavra e o amor do Cristo ressuscitado.

Elevemos juntos a nossa confiante oração ao "Senhor da messe" para que, nesta querida terra de Espanha, sempre tão fecunda em sacerdotes, muitos jovens tenham a alma aberta para receber o chamamento amigo de Cristo, e para que tenham a disponibilidade de saber dizer "sim" com entusiasmo.

Que esta súplica e estes desejos cheguem ao céu por intercessão de Nossa Senhora, cuja terna devoção estou seguro que alimentais diariamente. Que a Mãe de Jesus, Mãe sacerdotal e Rainha dos Apóstolos, esteja sempre convosco, já desde agora, durante os vossos anos de preparação para o ministério; e vos ajude a converter-vos em testemunhas de Cristo para todos os homens, "como aqueles que saíram do Cenáculo de Jerusalém no dia do Pentecostes" (cf. Redemptor Hominis, 22). Não tenhais medo, Ela vos acompanhará no vosso futuro ministério, como acompanhou os primeiros apóstolos com o seu afecto maternal e com a sua intercessão.

Que a Virgem fiel vos ajude a confirmar os vossos compromissos e a cumpri-los até ao fim, nesta "nova etapa da vida da Igreja" que "exige de nós uma fé particularmente consciente, profunda e responsável" (Redemptor Hominis, 6).

Em penhor da constante ajuda divina, dou-vos com profundo afecto a vós, seminaristas da Espanha, aos vossos superiores, professores e familiares, a minha cordial Bênção Apostólica.

 

IOANNES PAULUS PP. II



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