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MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II
AOS BRASILEIROS
POR OCASIÃO DO INÍCIO
DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 1984

 

Queridos Brasileiros,
meus irmãos e irmãs em Cristo

1. É com grande alegria que me encontro bem próximo de vós, pela imagem e pelo coração, nas vossas casas, e vos saúdo com toda a estima: "Louvado seja nosso Senhor Jesus Cristo!".

Estas palavras, na vossa língua, me trazem a lembrança, grata e sempre viva, do meu encontro com o Brasil. E recordo-me de todos com afeto no Senhor; neste momento, porém, recordo especialmente muitas e lindas crianças e um oceano de jovens, dos queridos jovens brasileiros, na festa da "vida" com o Papa — na festa da Santíssima Eucaristia. E todas as imagens me dizem: vida!

Fui convidado, também este ano — Ano Santo da Redenção — a dizer uma palavra na abertura desta Campanha da Fraternidade, apelo ao empenho quaresmal de conversão e reconciliação e convite a gestos concretos de caridade, a todos os níveis: "para que todos tenham a vida". E que vos direi? — Olhai:

2. A vida é um dom, que brota do amor de um Pai, o Deus de bondade, para todo o ser humano; e, desde a sua concepção, Ele lhe reserva um lugar especial no seu coração paterno: quere-o feliz, chamando-o de continuo à comunhão jubilosa da sua Casa.

A vida é o sim de Deus, na Criação, no princípio, pelo seu Verbo, sem o qual nada foi criado: façamos o homem (Gén. 1, 26). N'Ele estava a Vida, e a vida era a luz dos homens (cf. Jo. 1, 1-4); é o sim de Deus continuado na Redenção, pelo Filho unigénito, que Ele deu pela vida do mundo (cf. Jo. 3, 16).

Todos os que aceitam Cristo como a "luz dos homens", numa sociedade que é enferma de egoísmo e está minada por tantos fermentos de morte, aceitam o sim de Deus à vida, fazem dele norma de pensar e agir, tornam-no o próprio sim à vida, a toda e qualquer vida, mesmo aquela que acaba de ser concebida, aquela que se apresenta débil, deficiente, sofredora, inutilizada e malbaratada.

Por isso, além de dom, a vida é empenho: empenho de aceitar, defender e favorecer a vida; empenho em dar largas à inventiva do amor, da caridade, para valorizar o dom de Deus, em si e no próximo; empenho em ajudar todo o homem, quando e como quer que se nos apresente: em meio a ilusória opulência, contrastando com o pobre Lázaro (cf. Lc. 16, 20); como o "mais pequenino", com quem o próprio Senhor e Juiz se identifica (cf. Mt. 25, 40); ou "espoliado, ferido, abandonado e meio-morto no caminho", apelando por um "samaritano" (cf, Lc. 10, 30).

3. "Para que todos tenham a vida", tem a prioridade a conversão, pessoal e coletiva: conversão das mentes, das vontades e dos corações, para Deus, nosso Pai, pelo Seu Filho Jesus Cristo, Redentor do homem e irmão universal; e voltar-se para a pessoa humana, com a sua dignidade.

Para tanto impõe-se percorrer estes caminhos:

— sensibilização das consciências, quanto ao caráter sagrado da vida e dignidade humana, valor basilar de toda a sociedade;

— esforço esclarecido por ser afirmado, malgrado a visão diversa de ideologias e sistemas, o primado da vida e da pessoa, desde o momento da concepção, em toda a existência até à morte;

— corajosa tomada de posição frente a tudo o que atenta contra a vida humana, ou que a rebaixa, como foi especificado pelo Concílio, à luz do primado do ser sobre o ter, na Constituição Gaudium et spes (n. 27).

"Para que todos tenham a vida", Cristo se fez Redentor do homem, habitou entre nós e permanece... como "caminho e verdade", como "ressurreição e vida". Ele é a nossa Páscoa! Em seu nome, para que tenhais a vida, a vida com todas as suas dimensões, e para isso sirva a Campanha da Fraternidade, que ora se inicia no espírito de Quaresma, de todo o coração vos abençoo:

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém!

 



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