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MENSAGEM DO PAPA JOÃO PAULO II
AO POVO BRASILEIRO POR OCASIÃO DO INÍCIO
DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 1989
COM O TEMA: "A COMUNICAÇÃO SOCIAL"

 

Irmãos e irmãs em Cristo e amados Brasileiros,
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

1. Mais uma vez me é grato comunicar, através do rádio e da televisão, com o dileto Povo brasileiro, na abertura da nova Campanha da Fraternidade, este ano com o tema: “A Comunicação Social”. Entrando nas vossas casas e nos locais de vosso encontro e comunicação, saúdo a todos, segundo o lema da Campanha: “a Verdade e Paz” estejam convosco!

Equivale a dizer, antes de mais, que esteja convosco Jesus Cristo, o qual veio dar testemunho da verdade e nos disse: “Eu sou... a Verdade”. Como “Mediador entre Deus e os homens”, Ele nos reconciliou com o mesmo Deus e nos deixou a mensagem de reconciliação uns com os outros; e, “primogénito entre muitos irmãos”, constituiu-nos na liberdade de filhos de Deus e proclamou-nos todos irmãos: “Ele é a nossa Paz”. 

2. Começa a Quaresma, tempo penitencial, em preparação da Páscoa: vamos celebrar a Salvação, que nos veio pela vida, morte e ressurreição do Senhor. Neste mistério pascal nós fomos introduzidos pelo Batismo, quando fomos libertados do pecado e enriquecidos com a graça e o Dom do Espírito da verdade; quando renunciámos às obras contrárias à luz e à paz com Deus e com os outros, obras que provêm sobretudo do Maligno. Ele é o príncipe das trevas e o pai da mentira, na qual se originam o desamor, as contendas e as guerras.

3. Pelo Batismo, ainda, entrámos na Igreja peregrina, à qual, em continuidade com a Igreja do Pentecostes, incumbe o mandato: “Ide por todo o mundo e pregai a Boa Nova a toda criatura”.

Entre este mandato de evangelizar – “fazer discípulos de todas as nações” – e a comunicação social, há um apelo recíproco, convergindo no homem e na sua salvação.

A Igreja tem cada vez mais consciência da importância da comunicação social; ela deseja evangelizar os modos de as pessoas se relacionarem e permutarem experiências, valores e idéias; deseja levar o “fermento” do Reino à “produção” dos maravilhosos meios de comunicar, que caracterizam o nosso tempo, os quais, por vezes, privilegiam o imediatismo à reflexão.

4. A comunicação social representa um dos bens de maior consumo; e o seu controlo desperta a cobiça do poder, do ter e do prazer da sabedoria terrena, contraposta à sabedoria que vem do Alto. E sucede que, para sobreviverem, empresas de comunicação passam a incentivar padrões de comportamento que perturbam a ordem na sociedade, nomeadamente a violência, o erotismo e o consumismo.

Solícita pelo bem dos homens e dos povos, a Igreja lembra aos empresários, profissionais da comunicação social e a todos os comunicadores que atendam à grave responsabilidade da inversão de valores, que incide negativamente no tecido diversificado da sociedade; aponta-lhes a solidariedade e a fraternidade como condição para todos os homens usufruírem dos bens da verdade e da paz; diz-lhes que estas assentam em princípios basilares de comportamento que salvaguardem o respeito pelo outro, o senso do diálogo, a justiça, a ética correta da vida pessoal, profissional e comunitária, a liberdade e dignidade de pessoa humana e a sua capacidade de participação e de partilha com os demais.

5. Onde faltarem a verdade no reconhecimento dos direitos à informação, à opinião, ao pluralismo cultural e à livre iniciativa, e a verdade na observância dos deveres correlativos, a paz começa a estar ameaçada. A paz autêntica não é somente a ausência de guerra; mas é “obra da justiça”, pela qual anelam os homens; é algo que deve estar constantemente a ser construído.

E como a vontade dos homens é fraca e ferida pelo pecado, a paz exige um esforço contínuo de conversão das mentes e dos corações para os autênticos valores humanos. No caso dos cristãos, é a “penitência e acreditar no Evangelho”, que há-de levá-los a viver, testemunhar e anunciar a Boa Nova da salvação em Jesus Cristo, o mesmo ontem, hoje e para sempre.

Só com corações convertidos se modificarão os ambientes onde coexistem liberdade e medo, ciência e analfabetismo, abundância e miséria, consumismo e condições sub-humanas, para aí eclodir a fraternidade.

Implorando o Espírito da verdade, em especial para a missão da Igreja no Brasil, a fim de que aí se afirme uma comunicação social a serviço da verdade e da justiça, que frutifiquem em paz na pátria e coração de cada Brasileiro, a todos abençoo.



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