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DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II
 AOS MEMBROS DO CONSELHO GERAL DA ORDEM FRANCISCANA SECULAR
E AOS PARTICIPANTES NO CONGRESSO INTERNACIONAL

Segunda-feira, 27 de Setembro de 1982

 

Caríssimos Irmãos e Irmãs

1. Apresento-vos as minhas cordiais boas-vindas, membros do Conselho Geral da Ordem Franciscana Secular, reunidos em assembleia aqui em Roma, e a vós, participantes todos no Congresso Internacional, e em vós, desejo fazer extensiva a minha saudação a todos os franciscanos seculares, outrora terceiros franciscanos, aos leigos e aos sacerdotes do mundo inteiro, e aos seus Assistentes espirituais.

Sei que este encontro por vós tão desejado pretende manifestar o vosso afecto e dedicação à Sé Apostólica e pedir uma palavra que vos oriente e confirme, como é vossa tradição, desde que o humilde Francisco veio ao Papa, a Roma, para comunicar o que o Senhor tinha começado a fazer por meio dele (Tre Compagni, c. 12; Fonti francescane, p. 1100).

No decurso dos séculos — desde Nicolau IV, com a Bula Supra Montem de 1289, até ao Papa Paulo VI, de feliz memória, que aprovou a nova Regra com o breve Inter Spirituales Famílias — os meus Predecessores acolheram constante e benevolamente estes desejos, e ofereceram-vos estímulos e apoio no vosso propósito de vida evangélica.

É-me grato poder, também eu, confirmar-vos a minha sincera estima e o meu profundo afecto neste ano tão caro a toda a Família Franciscana, no qual, comovidos, recordamos os 800 anos de "vida na Igreja" do Pobrezinho de Assis.

Vive ainda a sua obra: vivem a sua primeira, segunda e terceira Ordem, ricas de numerosos e inestimáveis santos, que seguiram atrás de Francisco, guiados por Maria, Mãe da Igreja e da Ordem, e modelo incomparável de toda a virtude evangélica.

2. Estais reunidos aqui e aguardais uma palavra de bons votos do Papa, sucessor de Pedro.

Pois bem, a minha exortação é esta:

1) estudai
2) amai
3) vivei a REGRA da Ordem Franciscana Secular, aprovada para vós pelo meu predecessor Paulo VI. Ela é um autêntico tesouro nas vossas mãos, sintonizada no espírito do Concílio Vaticano II e correspondente ao que a Igreja espera de vós.

Amai, estudai e vivei esta vossa Regra, porque os valores nela contidos são eminentemente evangélicos. Vivei estes valores em fraternidade e vivei-os no mundo, no qual, pela vossa mesma vocação secular, estais envolvidos e radicados. Vivei estes valores evangélicos nas vossas famílias, transmitindo a fé com a oração, o exemplo e a educação, e vivei as exigências evangélicas do amor recíproco, da fidelidade e do respeito à vida (Regola, n. 17).

Cristo, pobre e crucificado, seja para vós, como foi para Francisco de Assis, "o inspirador e o centro da vida com Deus e com os homens" (Regola, n. 4).

Sede antes de tudo testemunhas do Pai e do seu desígnio de amor pelos homens e "fazei da prece e da contemplação a alma do vosso ser e do vosso actuar" (Regola, n. 8).

"A Igreja tem necessidade de vós para fazer com que o mundo possa descobrir de novo o primado dos valores espirituais" (cf. Insegnamenti di Giovanni Paolo II, III, 1, 1980, p. 945).

A vossa presença leve a toda a parte uma mensagem rica de alegria, de júbilo e de fé profunda, de concórdia e de paz: sereis assim anunciadores de Cristo e do Reino de Deus com a vida e a palavra.

3. Escolhestes como tema do vosso Congresso: "Francisco sinal de esperança". Na minha recente Carta "Radiabat velut Stella" dirigida aos Ministros-Gerais das Ordens Franciscanas, reevoquei os fundamentos da alegria, da liberdade e da esperança em Francisco de Assis: aprofundai estes fundamentos e os sinais do Espírito na vida da Igreja e sereis vós mesmos um sinal de esperança no mundo actual.

Ao lado, ainda, dos valores evangélicos, mas também ínsitos neles, emergem da mesma Regra, com caracteres incisivos, os valores humanos, pelos quais vós assumis, como cidadãos da cidade terrena e, ao mesmo tempo, como cristãos, compromissos temporais e sociais, propondo-vos assim ser fermento nas realidades terrenas, nas quais vos sentis, por vocação profunda, como em vossa casa, como num campo próprio e nativo. Recordando que em vós, pelo baptismo, há um sacerdócio real, considerais sem dúvida que ninguém pode proibir-vos a entrada em cada realidade terrena, social, humana, dado serdes, precisamente vós, chamados a dar uma alma cristã e humana a todas estas coisas.

Aceitai pois o convite, por mim dirigido a todos os homens de boa vontade, a que ao trabalho humano seja reconhecida a dignidade que tem diante de Deus e a que, nas presentes graves circunstâncias, seja concedido a cada homem realizar-se a si mesmo e poder colaborar serenamente na obra da criação e no bem da sociedade com um trabalho digno do homem (cf. Laborem exercens, 24).

Assim fazendo, colocar-vos-eis ao serviço da promoção global do homem; far-vos-eis promotores de justiça, portadores de paz, recordados de que todos os caminhos da Igreja conduzem ao homem, remido por Cristo (cf. Redemptor hominis, c. 3, 14).

Para com este homem, vosso irmão, sede humildes e cordiais, procurando sempre os caminhos do diálogo e da reconciliação (cf. Regra, nn. 13 e 19; cf. também a Bula Supra Montem de Nicolau IV).

Tende sempre diante de vós o exemplo de Francisco, irmão de todos e "homem de fronteira", pelo que ele não cessa de exercer um fascínio extraordinário também nos que estão distante (cf. AAS 74, 1982, p. 580).

4. As vossas reuniões, por fim, são chamadas fraternidade. Sejam sinal visível da Igreja, que é comunidade de amor. Sejam verdadeiras comunidades eclesiais, construídas sobre o Evangelho e em viva e activa comunhão com as Igrejas locais e, mediante elas, com a Igreja universal.

Vivei "em plena comunhão com o Papa e os Bispos num diálogo aberto de criatividade apostólica" (Regra, n. 6).

Sede além disso continuadores daquele movimento de vida evangélica, que abraçaram os "poenitentes de Assisio", sabei viver esta vossa vocação, no vosso âmbito secular, como "irmãos e irmãs da penitência" com sentido iluminado de conversão e de renovamento constante.

E agora, para aqueles que têm responsabilidades específicas na Ordem Franciscana Secular, desejo uma unidade de intentos e uma precisa vontade, a fim de poderem ser animadores e guias iluminados, precedendo os irmãos no amor ao Evangelho e na fidelidade à Igreja.

Agradeço-vos o que fizestes até agora em favor da mesma fraternidade, e ao mesmo tempo que a vós agradeço aos Padres Ministros-Gerais e aos Padres Assistentes que são vossos Mestres e guias.

A todos concedo com profunda alegria , uma especial Bênção Apostólica, extensiva também aos vossos familiares, parentes e amigos.

 

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