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VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA JOÃO PAULO II AO BRASIL
[12-21 DE OUTUBRO DE 1991]

DISCURSO DO SANTO PADRE
 DURANTE O ENCONTRO COM OS HANSENIANOS
 NO HOSPITAL SÃO JULIÃO

Campo Grande, 17 de Outubro de 1991

 

Filhos e filhas caríssimos,

1. O propósito desta minha viagem ao Brasil, nada mais é que seguir as pegadas de Cristo Jesus, que percorria cidades e aldeias, pregando o Evangelho. “Vendo a multidão, ficou tomado de compaixão, porque estavam enfraquecidos e abatidos, como ovelhas sem pastor” (Cfr. Mt 9, 35-36). O amor de Deus pelos homens é infinito. E Jesus, perfeito Deus e perfeito Homem, veio ao mundo para ensinar este Mandamento novo, da caridade que “jamais acabará” (1Cor, 13, 8).

Muito obrigado pelas palavras que os senhores Lino Villachá e Geraldo Batista dos Santos, tiveram a delicadeza de dirigir-me. Que Deus os pague e proteja!

2. O Sucessor de Pedro está hoje no vosso meio com o mesmo afeto com que Nosso Senhor, caminhando por entre aquela multidão, convidava a pôr em prática a norma suprema do amor. Todas as situações por que atravessa nossa vida, nos trazem uma mensagem divina, pedem-nos uma resposta de amor e de entrega aos outros. Parece que ouvimos, mais uma vez, aquelas palavras divinas: “Vinde benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado... porque estava doente e me visitastes. E quando Lhe perguntam - “quando te vimos doente e te fomos visitar?” - o Senhor lhes diz: “Na verdade vos digo, sempre que o fizestes a um destes meus irmãos mais pequenos, a mim o fizestes” (Cfr. Mt 25, 31-40).

Temos que descobrir a Cristo que sai ao encontro dos nossos irmãos, os homens. Nenhuma vida humana é uma vida isolada, mas entrelaça-se com as outras vidas. Nenhuma pessoa é um verso solto. Fazemos parte do mesmo poema divino, que Deus escreve com o concurso da nossa liberdade.

3. É neste contexto que o Papa deseja dizer-vos, antes de tudo, que se estais no mundo, é por um mandato expresso de Deus. Convidando a permanecer nas ocupações, nas ansiedades da terra e no meio das provações que Ele permite, com serenidade de ânimo e coragem nas adversidades, o Senhor quer nos indicar que tem para todos e cada um de nós, um lugar específico na história da Redenção. Deus nos chamou, para que, como escrevi, “aqueles que participam nos sofrimentos de Cristo possuem nos próprios sofrimentos uma especialíssima parcela do infinito tesouro da Redenção do mundo, e podem partilhar este tesouro com os outros” (Salvifici Doloris, 27).

Por outro lado, o exemplo de Cristo nos recorda, que todo o cristão deve viver de rosto voltado para os outros homens, olhando com amor para todos e cada um dos que o rodeiam, para a humanidade inteira. Quando se ama de verdade, não só afetivamente, mas “com obras e em verdade” (1 Jo 3, 18), obter-se-ão frutos de bem e de bondade que não deixarão de receber a recompensa divina. Como o Amor é inteligente, cria iniciativas como esta do Hospital São Julião, que procura não só recuperação do doente e sua inserção na sociedade, mas também aproximá-lo de Deus, como está a indicar a Igreja dentro das suas dependências. Por isso, abençoo de coração este Hospital e também, o Posto de Saúde São Francisco, do Bairro Nova Lima, onde muitos dos egressos são atendidos. Abençoo também os benfeitores e colaboradores das duas obras, os do Brasil e da Itália. Desejo pedir ao Todo-Poderoso uma bênção especial para os frades franciscanos e as Irmãs Salesianas, nas pessoas de Frei Hermano Hartmann e Irmã Sílvia Vicélio, baluartes dessas obras desde o começo de sua reestruturação, com mais de 20 anos de trabalho contínuo, fazendo surgir praticamente dos escombros um caminho de esperança para os que nestes locais vêm buscar a vida e a saúde.

4. Termino, reiterando o mesmo apelo da minha viagem anterior, aos hansenianos da Bahia: “confio na vossa lembrança, no vosso auxílio e na vossa oração, não só pelo bom êxito desta viagem apostólica no Brasil, mas também por todas as solicitudes que trago no meu coração de Pastor da Igreja universal” (Aos doentes de Lepra 4, Salvador da Bahia, 7 de julho de 1980).

5. Com estes pensamentos, saudando-vos com benevolência e exprimindo meu alto apreço não só por aqueles que cuidam de vós, como também por todos os médicos que se dedicam no Brasil a prevenir e a aliviar vossos sofrimentos, coloco minhas preces nas mãos da Virgem Maria e concedo-vos de todo o coração a Bênção Apostólica.

 



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