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DISCURSO DO SANTO PADRE 
AO NOVO EMBAIXADOR DA ERITREIA 
JUNTO DA SANTA SÉ POR OCASIÃO 
DA APRESENTAÇÃO DAS CARTAS CREDENCIAIS

 

 

Senhor Embaixador 

É-me grato aceitar as Cartas Credenciais mediante as quais Vossa Excelência é designado Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário do Estado da Eritreia junto da Santa Sé. É igualmente com alegria que recebo as saudações que Vossa Excelência me transmitiu da parte do Presidente, Sua Excelência o Senhor Isaías Afwerki, e pediria a amabilidade de lhe comunicar os meus sinceros bons votos pelo país e pelo bem-estar do seu povo.

Vossa Excelência referiu-se ao compromisso da Eritreia em assegurar a paz e a harmonia dentro das suas próprias fronteiras e em trabalhar com outras nações no processo de fazer da paz uma realidade na sua região. Neste empreendimento, o seu país há-de encontrar um parceiro disponível na Igreja católica que proclama em toda a parte a mensagem evangélica de verdade, justiça e paz. A Igreja e a comunidade política, cada qual no campo que lhe pertence, são independentes e autónomas. Contudo, cada uma delas serve a vocação pessoal e social dos mesmos seres humanos. Embora vivam num determinado período da história, os homens e as mulheres não se limitam ao sector temporal, pois são chamados à transcendência. Esta exaltante vocação e este sublime destino da pessoa humana deveriam constituir um importante elemento nas iniciativas sociais, económicas e políticas das pessoas, dos povos e também das nações.

É por fidelidade ao Evangelho e por solicitude pela pessoa humana que a Igreja na Eritreia se empenha nos campos da educação, na assistência à saúde e nos serviços sociais. Desta forma, ela procura contribuir para o desenvolvimento constante do seu povo, de maneira especial durante este período de reconstrução e de democratização, depois de uma guerra devastadora. A este propósito, é com gratidão que observo as amáveis palavras de reconhecimento de Vossa Excelência por tudo aquilo que a Igreja tem feito e continua a fazer em vista de edificar a sociedade eritreia.

Como Vossa Excelência sabe, no ano passado a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação promoveu aqui em Roma um Encontro Mundial sobre a Alimentação. O tema em debate era a necessidade de garantir a segurança alimentar no mundo inteiro, especialmente diante das trágicas consequências da seca e da penúria em várias partes do planeta. Durante a última década, misérias terríveis provocaram enormes calamidades aos povos nessa região da África, e a carência de alimentos que se tem verificado nos passados anos continua a causar dificuldades e a semear mortes. No mundo inteiro ainda existem milhares de milhões de pessoas que sofrem devido à subalimentação e para isto ainda não se entrevê uma solução imediata. Por este motivo, como eu disse aos participantes no Encontro Mundial sobre a Alimentação, é ainda mais urgente e necessário que todas as pessoas trabalhem juntas para encontrar um modo de resolver esta situação, «a fim de que não haja mais, lado a lado, pessoas famintas e outras que vivem na opulência, pessoas muito pobres e outras muito ricas, pessoas às quais falta o necessário e outras que esbanjam em grande medida» (Discurso dirigido aos participantes no Encontro Mundial sobre a Alimentação, 13 de Novembro de 1996, ed. port. de L'Osservatore Romano de 23.XI.1996, n. 2, pág. 1).

Qualquer esforço despendido no sentido de resolver este problema exige decisões económicas e políticas da parte dos organismos governamentais, tanto nacionais como internacionais, destinados a encorajar e fortalecer a produção agrícola local e, ao mesmo tempo, salvaguardar a vida rural e preservar os recursos naturais. A assistência aos países em vias de desenvolvimento e as decisões que visam estabelecer os termos para o comércio justo e os acordos de crédito deveriam caminhar a par e passo com a estratégia para a partilha efectiva dos progressos tecnológicos e a formação apropriada das pessoas, de forma que os mesmos países sejam os agentes do seu próprio progresso.

É precisamente a promoção de tal cooperação entre os Estados que constitui um dos principais objectivos da actividade da Santa Sé no campo da diplomacia internacional, uma colaboração fundamentada no extremo respeito pela dignidade humana e pela solicitude para com as necessidades dos menos afortunados. É preciso um esforço conjunto da parte de todos os povos e nações. Quanto a isto, o mundo desenvolvido tem uma clarividente responsabilidade pela África, não só por motivos históricos, mas também porque não se pode obter genuinamente a paz se esta não for compartilhada por todos. É necessário um novo sentido de solidariedade para com a África, de maneira especial no cuidado do grande número de pessoas deslocadas e de refugiados, e na luta contra a epidemia da Sida. Todavia, esta assistência deveria respeitar plenamente as específicas estruturas e tradições sociais e culturais da África, uma vez que os africanos devem ser os construtores do próprio futuro.

Senhor Embaixador, ao assumir as suas responsabilidades na comunidade diplomática acreditada junto da Santa Sé, ofereço-lhe os meus bons votos pelo bom êxito da sua sublime missão. Asseguro-lhe que os vários departamentos da Santa Sé estarão sempre prontos a assisti-lo no cumprimento dos seus deveres. Invoco cordialmente sobre Vossa Excelência e sobre o querido povo da Eritreia as abundantes bênçãos de Deus Todo-poderoso.  

 

© Copyright 1997 - Libreria Editrice Vaticana



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