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VISITA PASTORAL DO PAPA JOÃO PAULO II AO CAZAQUISTÃO
E VIAGEM APOSTÓLICA À ARMÊNIA
(22-27 DE SETEMBRO DE 2001)

CERIMÓNIA DE DESPEDIDA DO CAZAQUISTÃO

DISCURSO DO SANTO PADRE

 Aeroporto Internacional de Astana
Terça-feira, 25 de Setembro de 2001

 

Senhor Presidente
Venerados Irmãos
no Episcopado e no Sacerdócio
Ilustres Senhoras e Senhores

1. Estamos prestes a concluir estes dias memoráveis, que me permitiram encontrar, aqui em Astana, muitas pessoas e conhecer de perto numerosas forças vivas do povo cazaque.

Acompanhar-me-á por muito tempo a recordação da minha permanência nesta nobre Nação, rica de história e de tradições culturais.

Obrigado pelo gentil e cordial acolhimento que me foi reservado. Obrigado, Senhor Presidente, pela sua amável hospitalidade, testemunhada de muitas formas! Agradeço também às Autoridades administrativas, militares e religiosas, assim como a quantos prepararam a minha visita e cuidaram da organização dos seus pormenores:  a todos e a cada um, dirijo a expressão do meu mais profundo reconhecimento.

Ficaram impressas na minha alma as palavras que escutei nos vários momentos que vivemos juntos. Conheço bem as esperanças e as expectativas deste querido povo, que pude encontrar e estimar mais profundamente. Um povo que sofreu anos de dura perseguição, mas que não hesita em retomar com energia o caminho do seu desenvolvimento. Um povo que quer construir um futuro sereno e solidário para os seus filhos, porque ama e procura a paz.

2. Cazaquistão, Nação rica de séculos de história, tu bem sabes como a paz é importante e urgente! Por conformação geográfica, és uma Terra de fronteira e de encontro. Aqui, nestas imensas estepes, encontraram-se e continuam a encontrar-se pacificamente homens e mulheres pertencentes a diferentes etnias, culturas e religiões.

Cazaquistão, com a ajuda de Deus, oxalá possas crescer unido e solidário! Estes são os cordiais bons votos que renovo, retomando o lema inspirador de toda a visita:  "Amai-vos uns aos outros!" (cf. Jo 13, 34). Estas comprometedoras palavras de Jesus, pronunciadas na vigília da sua morte na Cruz, iluminaram e cadenciaram as etapas desta minha peregrinação.

"Amai-vos uns aos outros!". Este País, onde convivem homens e mulheres de diversas origens, tem necessidade de entendimentos sólidos e de relações sociais estáveis. Não é um exagero, afirmar que o vosso País tem uma uma vocação totalmente singular:  a de ser, de maneira cada vez mais consciente, uma ponte entre a Europa e a Ásia. Esta seja a vossa opção civil e religiosa. Sede uma ponte de homens que abraçam outros homens, pessoas que transmitam a plenitude de vida e de esperança.

3. Enquanto me despeço de ti, querido povo cazaque, quero assegurar-te que a Igreja continuará a caminhar ao teu lado. Em íntima colaboração com as outras Comunidades religiosas e com cada homem e mulher de boa vontade, os católicos não deixarão faltar o seu apoio para que, juntos, se possa edificar uma casa conjunta, cada vez mais ampla e hospitaleira.

Aqui, a busca do diálogo e da harmonia distinguiu as relações entre o Cristianismo e o Islão desde o período da formação do Canato turco nos imensos teritórios das vossas estepes, permitindo que o País se tornasse um elo de união entre o Oriente e o Ocidente, no extenso caminho da seda.

Nesta perspectiva, também as novas gerações devem prosseguir com compromisso renovado.
"Amai-vos uns aos outros!" É desta palavra do Senhor que depende a nossa credibilidade de cristãos. E é o próprio Jesus que nos admoesta:  "É por isso que todos saberão que sois meus discípulos:  se vos amardes uns aos outros" (Jo 13, 35).

4. Exortando os cristãos a um intenso despertar espiritual, o Grande Jubileu do Ano 2000 convidou-os a ser testemunhas do amor, para enfrentar os desafios do terceiro milénio. Sede-o incessantemente também vós! Estai prontos a responder à necessidade da "paz, frequentemente ameaçada com o pesadelo de guerras catastróficas" (Novo millennio ineunte, 51). Sede sentinelas vigilantes, atentas ao "respeito pela vida de cada ser humano" (Ibid.).

Sede testemunhas do amor também vós, homens e mulheres das outras religiões, que tendes a peito a sorte do vosso povo! A pergunta com que se interrogava Abai Kunanbai interpela todos:  "Se me foi dado o nome de homem / posso eu deixar de amar?" (Poesia 12). Agora, no momento em que me despeço de vós, quero fazer ressoar esta interrogação:  pode um ser humano deixar de amar?

Como Sucessor do Apóstolo Pedro, percorrendo de novo com a mente os numerosos acontecimentos que assinalaram a história do século passado, repito-vos:  olhai para o futuro com confiança! Vim para o meio de vós como peregrino de esperança, e agora preparo-me para retomar o caminho do regresso, não sem emoção e saudade. Levarei comigo as recordações destes dias; levarei comigo a certeza de que tu, povo cazaque, não faltarás à tua missão de solidariedade e de paz.

Agradeçamos ao Senhor porque nos concedeu estes dias e o bom tempo, a fim de que pudéssemos apreciar a beleza do Cazaquistão.

Deus te abençoe, Cazaquistão, e te proteja sempre!

 



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