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DISCURSO DO PAPA JOÃO PAULO II
AO
SENHOR MIHAIL LAUR
PRIMEIRO EMBAIXADOR DA MOLDOVA
JUNTO DA SANTA SÉ*

15 de Maio de 2003

 

Senhor Embaixador

1. É-me grato receber Vossa Excelência nesta solene ocasião da apresentação das Cartas que o acreditam como Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário da República da Moldova junto da Santa Sé.

Sensibilizaram-me as palavras que Vossa Excelência me dirigiu e ficar-lhe-ia grato se se dignasse transmitir as minhas saudações ao Presidente da República, Sua Excelência o Senhor Vladimir Voronine. Saúdo muito cordialmente todo o povo moldovo e formulo fervorosos votos por que, graças aos seus esforços de solidariedade e de concórdia entre todos os componentes da nação, ele encontre os caminhos de um verdadeiro desenvolvimento humano e espiritual.

2. Agradeço-lhe a apresentação que fez da situação do seu País, independente desde 1991, que se esforça por encontrar o seu lugar na Europa e no conjunto das nações.

Depois da trágica experiência das duas guerras mundiais no século que há pouco findou, o milénio que começa não pôde evitar nem o desencadeamento do terrorismo nem o recurso à guerra.

Como recordei na minha Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2003, por ocasião do quadragésimo ano da Pacem in terris, a Encíclica do meu Beato Predecessor, o Papa João XXIII, a construção da paz é uma obra de grande duração, nunca completada, que se baseia "nas quatro exigências precisas do espírito humano: a verdade, a justiça, o amor e a liberdade" (n. 3). Eis por que ela deve mobilizar as energias dos responsáveis políticos das nações, para lutar contra o terrorismo e contra a sua violência cega, para denunciar o comércio das armas e a competição militar entre os Estados, e também para encorajar a reconciliação entre os povos onde quer que haja focos de tensão. "A negociação honesta, paciente e respeitosa dos direitos e das aspirações das partes em causa pode abrir o caminho para uma resolução pacífica das situações mais complexas" (Mensagem por ocasião do cinquentenário do fim da segunda guerra mundial na Europa, n. 9);ela deve ser sempre preferida no lugar da guerra com todos os males que origina, como vemos com muita frequência.

Juntamente com todos os parceiros de boa vontade, a Santa Sé deseja dar o seu contributo em favor da unidade do Continente europeu, para que os povos que dele fazem parte se desenvolvam harmoniosamente, na cooperação e no respeito recíproco, e para que estejam abertos aos intercâmbios com as outras nações do mundo, a fim de que cada um beneficie dos frutos da paz e do progresso.

3. Vossa Excelência realçou como são importantes para a sua nação os valores europeus assim como as suas raízes cristãs, e exprimiu a sua gratidão à Igreja católica pelo apoio que ela oferece à consolidação da paz, sobretudo pelo contributo que dá, com vista à resolução pacífica dos conflitos, e pela sua acção em favor dos direitos humanos. Fiquei sensibilizado com esta atenção.
A Igreja funda o seu compromisso em favor do homem e da sua dignidade na Revelação da qual é depositária: a tradição bíblica ensina que o homem é criado à imagem de Deus, animado pelo espírito divino e capaz, apesar da mancha do pecado, de agir livremente com vista ao bem (cf. Gaudium et spes, 17). É à luz desta convicção de fé, e também com a sabedoria da experiência que vem das lições da história, que a Igreja aprendeu a considerar a vida humana "como a realidade mais sagrada e mais intangível existente no mundo" (Mensagem para o Dia Mundial da Paz, 1 de Janeiro de 2001, n. 19). É nosso dever defendê-la e respeitá-la. Também, no começo deste novo milénio, a Igreja católica deseja encorajar os homens a edificar uma civilização do amor, que privilegie os valores do encontro entre as pessoas e entre as culturas, assim como o diálogo entre os protagonistas da sociedade civil.

Para edificar uma sociedade verdadeiramente humana, que honre a dignidade de cada um e permita um diálogo autêntico entre todos os seus componentes, é necessário proporcionar uma formação aos cidadãos, em particular aos jovens. É a educação que lhes permitirá adquirir um verdadeiro humanismo, aberto à dimensão ética e religiosa, a uma justa concepção da democracia e dos direitos humanos, ao conhecimento e estima das culturas e dos valores espirituais das diversas civilizações. Faço votos por que os responsáveis das nações e das pessoas que participam nesta nobre missão educativa estejam imbuídos de um espírito de serviço ao homem.
4. Senhor Embaixador, nesta solene ocasião, sinto-me feliz por saudar, por intermédio da sua pessoa, os membros da comunidade católica da Moldova. Unidos à volta do seu Bispo e dos sacerdotes que estão ao seu serviço, ela mostra um verdadeiro dinamismo e sei que mantém relações fraternas com os membros das outras Igrejas e comunidades eclesiais. Oxalá ela mantenha vivo o desejo de unidade entre os cristãos e para isso contribua com o seu dinamismo! A comunidade católica mantém também boas relações com as Autoridades civis e com isso me alegro; faço votos por que, mediante a sua participação activa na vida do país e mediante a solidariedade com os mais pobres, os católicos sintam cada vez mais a alegria de servir e de partilhar, cooperando também para o desenvolvimento humano e espiritual do seu País.

5. No momento em que Vossa Excelência começa a sua missão junto da Santa Sé, apresento-lhe os meus ardentes votos para o cumprimento da sua missão. Desejo garantir-lhe o apoio cordial e atento que encontrará sempre nos meus colaboradores.

Invoco de todo o coração sobre Vossa Excelência e a sua família, bem como sobre o povo da Moldova e os seus dirigentes, abundantes Bênçãos divinas.


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L'Osservatore Romano n. 24 p. 2, 3.

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