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MENSAGEM TELEVISIVA DO PAPA PAULO VI
AOS PARTICIPANTES NO IX CONGRESSO
EUCARÍSTICO NACIONAL BRASILEIRO

Domingo, 20 de Julho de 1975 

 

Cenáculo sem portas nem divisórias, emoldurado pelas belezas naturais da Amazónia - nimbada de lendas, sonho e mistério - Manaus acolhe o IX Congresso Eucarístico Nacional do Brasil.

Todo o dilecto Povo brasileiro, o Povo de Deus em particular, nesta hora, estará em espírito, no coração da Amazónia. Também Nós vimos, de algum modo, a este encentro com Cristo, para convosco compartilhar e repartir o pão.

Sim, com Cristo - Palavra e Eucaristia: como outrora, no monte das bem-aventuranças, quando o Senhor, a «urm grande multidão, que tinha vindo para o ouvir» (Cfr. Luc. 6, 17-18), repartiu o pão da palavra reconfortante; ou como nas margens do lago de Tiberíades, quando «seguia Jesus uma grande multidão, porque via os sinais que fazia» (Cfr. Io. 6, 2) e Ele, em sinal e promessa, tomou uns poucos pães, rendeu graças e os repartiu àquela gente, que perfazia alguns milhares.

Palavra e Sacramento, revelação e mistério, que, sem serem alienadores, embora «discurso duro», intentam tornar-se «espírito e vida» assentes na Verdade que torna livres; e que, na medida da fidelidade à Palavra, faz discípulos a quem dá a garantia de não ver a morte eternamente (Cfr. Io. 6, 60. 63; 8, 32. 31. 52).

Congregados em torno da Mesa da Eucaristia, no «cenáculo» de Manaus, em adoracão pelo «Pão do Céu», em adoração a Cristo «Deus conosco», procurastes certamente, caros Congressistas: ouvir - «serão todos ensinados por Deus» (Io. 6, 45); firmar a fé - «quem crê tem a vida eterna (Ibid. 47); alimentar a esperança - «eu sou o pão da vida» (Ibid. 48). E agora, à semelhança do profeta Elias, reconfortados, empreendeis com amor um «longo caminho» (Cfr. 1 Reg. 19, 7), o do pós-congresso, para a outros repartir o pão.

Com Cristo, por certo, vos sentastes a calcular (Cfr. Luc. 14, 28 et 31) o pão que possuís para repartir, confiantes em que Ele, o Senhor tem sempre a última palavra: foi Ele que o disse - «sem mim, nada podeis» (Io. 15, 5) - e o demostrou praticamente, ao saciar mais de cinco mil pessoas, com apenas alguns poucos pães (Cfr. Marc. 6. 44).

Na luz de Cristo, vistes sem dúvida, a quem prioritariamente haveis de repartir o pão: ao Brasil jovem e dos jovens; ao Brasil das boas famílias, tradicionalmente sadias e sólidas; ao Brasil levado nas asas de um surto de progresso admirável, bem como ao Brasil ainda à beira do caminho, à margem do comum bem-estar, da solidariedade fraterna e do amor; enfim, ao Brasil todo, ainda não completamente fermentado pela Boa Nova evangélica, apesar da sua profunda e bem arraigada religiosidade.

E, por fim, interrogastes-vos: e quem há-de repartir o pão? Em Tiberíade, o Senhor confiou essa tarefa, bem explicitamente, aos discípulos : «partiu os pães e os deu aos discípulos, e estes as turbas» (Matth. 14, 19). Sim: o sentido problema das vocações para o sacerdócio, a consagração, os ministérios e os diversos servicos eclesiais! Sem desânimos ne matropelos, pecamos «ao Dono da messe, que mande mais trabalhadores para a sua messe» (Luc. 10, 2), pelo valimento da Mãe da Igreja, Nossa Senhora Aparecida, a querida Padroeira do Brasil.

A Igreja volta-se para a Amazónia, como todo o dilecto Povo brasileiro, nesta hora de esperança: com a certeza do Nosso afecto e da Nossa solidariedade, os votos de que Deus omnipotente satisfaça essa esperança e vos cumule de seus bens e alegrias.

Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Amen!

 



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