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VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA JOÃO PAULO II À POLÓNIA
(31 DE MAIO-10 DE JUNHO DE 1997)

SOLENE COROAÇÃO DO ÍCONE DA VIRGEM MARIA DE KRZESZÓW

HOMILIA DO SANTO PADRE

Esplanada do Aeroporto de Legnica
Segunda-feira,
2 de Junho de 1997

 

1. «A minha alma glorifica ao Senhor » (Lc 1, 46). O Magnificat! Escutámos de novo as palavras do cântico no Evangelho de hoje. Maria, depois da anunciação, foi visitar a prima Isabel. E esta, ao ouvir a saudação de Maria, teve uma particular iluminação. No íntimo do seu coração sabia que a jovem parente trazia no seu seio o Messias. Exclamou, então, ao saudar Maria: «Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre» (Lc 1, 42). E então, respondendo à saudação de Isabel, Maria louva a Deus com as palavras do Magnificat:

 «A minha alma glorifica ao Senhor e o meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador...» (Lc 1, 46-47).

A Igreja não se cansa de retornar às palavras do cântico. Repete-as, em particular, cada dia na liturgia vespertina, dando graças a Deus pelo mesmo motivo por que Maria agradecia: pelo facto de o Filho de Deus Se ter feito homem e ter vindo habitar no meio de nós. E nós hoje, durante a liturgia da Santa Missa em Legnica dos Piast, cantamos juntamente com Maria o Magnificat, para exprimirmos a nossa gratidão pelo dom da incessante presença de Cristo na Eucaristia. Com efeito, encontramo-nos no âmbito do Congresso Eucarístico Internacional de Wrocław, que se concluiu ontem. Com as palavras de Maria agradecemos todo o bem, no qual participámos mediante o sacramento do Corpo e do Sangue do Senhor.

Elevamos esta acção de graças juntamente com todas as gerações dos crentes no mundo inteiro. E é para nós uma alegria particular o facto de este hino universal de louvor ressoar na Baixa Silésia — aqui, em Legnica. Sinto-me feliz por ter podido vir aqui para encontrar a comunidade cristã, que desde há cinco anos faz parte da nova diocese de Legnica. Dirijo cordiais palavras de saudação ao vosso Pastor, D. Tadeusz, ao seu Bispo Auxiliar, aos presbíteros, às pessoas consagradas e a todos os fiéis da diocese. Saúdo também os peregrinos provenientes da Alemanha e da República Tcheca e os Sérvios da Lusácia. Estou-lhes grato pela sua presença.

A vossa diocese é jovem, mas o cristianismo nestas terras tem uma longa e rica tradição. Todos nós sabemos que Legnica é um lugar histórico, onde um príncipe da dinastia dos Piast, Henrique, o Piedoso, filho de Santa Edviges, opôs resistência aos invasores do Leste — aos Tártaros — detendo a sua marcha perigosa rumo ao Oeste. Por este motivo, embora a batalha tivesse sido perdida nesse momento, muitos historiadores a consideram uma das mais importantes na história da Europa. Tem também uma importância excepcional sob o ponto de vista da fé. É difícil especificar quais foram os motivos que prevaleceram no coração de Henrique — a vontade de defender a terra-pátria e o povo atormentado, ou a de deter o exército muçulmano que ameaçava o cristianismo. Parece que ambos os motivos lhe estivessem igualmente presentes. Henri Henrique, ao dar a vida pelo povo confiado ao seu governo, dava-a ao mesmo tempo pela fé em Cristo. E esta era uma característica significativa da sua piedade, que as gerações de outrora anotaram e conservaram na alcunha.

Esta circunstância histórica, ligada ao lugar da nossa liturgia hodierna, predispõe a uma reflexão sobre o mistério da Eucaristia, numa perspectiva particular, na perspectiva da vida social. Quanto a isto, ensina com razão o Concílio: «nenhuma comunidade cristã se edifica sem ter a sua raiz e o seu centro na celebração da santíssima Eucaristia»; desta, portanto, deve «começar toda a educação do espírito comunitário» (Presbyterorum ordinis, 6).

2. «Não sabeis que sois templos de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?» (1 Cor 3, 16). Estas palavras de São Paulo eram dirigidas a uma comunidade cristã determinada — a de Corinto — mas valem para toda a comunidade que se desenvolve em qualquer cidade ou aldeia no arco dos séculos. De que viviam as comunidades dos inícios? De onde recebiam o Espírito de Deus? Os Actos dos Apóstolos testemunham que os cristãos, desde o início, eram assíduos na oração, na escuta da palavra de Deus e na fracção do pão, isto é, na liturgia eucarística (cf. Act 2, 42). Desse modo retornavam cada dia ao Cenáculo, até ao momento em que Cristo instituiu a Eucaristia. A partir de então, a Eucaristia tornou-se o início de uma nova construção.

A Eucaristia tornou-se fonte de um vínculo profundo entre os discípulos de Cristo: era ela que edificava a «comunhão », a comunidade do seu Corpo Místico, enraizada no amor e impregnada do amor. O sinal visível desse amor era a solicitude quotidiana por cada pessoa que se encontrasse em necessidade. A partilha do pão eucarístico constituía para os cristãos um convite e um empenho a compartilhar também o pão quotidiano, com aqueles que dele eram privados. Havia também quem — como lemos nos Actos dos Apóstolos — tendo propriedades e bens, os «vendiam e distribuíam o dinheiro por todos, de acordo com as necessidades de cada um» (Act 2, 45). Esta actividade da primeira comunidade da Igreja em todas as dimensões da vida social, era a continuação da missão de Cristo de levar ao mundo uma nova justiça — a justiça do reino de Deus.

3. Irmãos e Irmãs! Hoje, enquanto celebramos a Eucaristia, torna-se claro, também para nós, que somos chamados a viver da mesma vida e do mesmo Espírito. É esta uma grande tarefa da nossa geração, de todos os cristãos deste tempo: levar a luz de Cristo à vida quotidiana. Levá-la aos «areópagos modernos », nos enormes sectores da civilização e cultura contemporâneas, da política e da economia. A fé não pode ser vivida só no íntimo do espírito humano. Deve encontrar a sua expressão externa na vida social. «Quem não ama a seu irmão, ao qual vê, como pode amar a Deus, que não vê? D’Ele temos este mandamento: Quem ama a Deus, ame também a seu irmão» (1 Jo 4, 20-21). Esta é a grande tarefa que está diante de nós, homens de fé.

Várias vezes tratei das questões sociais nos discursos, e sobretudo nas Encíclicas: Laborem exercens, Sollicitudo rei socialis, Centesimus annus. Contudo, é preciso retornar a estes temas, enquanto no mundo houver uma injustiça, mesmo que seja a mais pequena. Doutra forma, a Igreja não seria fiel à missão que lhe foi confiada por Cristo — à missão da justiça. Mudam com efeito os tempos, mudam as circunstâncias, mas sempre há no meio de nós aqueles que têm necessidade da voz da Igreja e do Papa, a fim de que sejam expressas as angústias deles, os seus sofrimentos e as suas misérias. Não podem ser desiludidos. Devem saber que a Igreja estava e está com eles, que o Papa está com eles; que ele abraça com o coração e com a oração qualquer pessoa que seja afligida pelo sofrimento. O Papa falará — e não pode deixar de falar — dos problemas sociais, porque aqui está em jogo o homem, a pessoa concreta.

Falo a respeito disto também na Polónia, porque sei que a minha Nação tem necessidade desta mensagem sobre a justiça. Hoje, com efeito, no tempo da construção de um Estado democrático, no tempo de um dinâmico desenvolvimento económico, descobrem-se com particular clareza todas as carências da vida social no nosso país. Cada dia nos damos conta de como são inúmeras as famílias provadas pela indigência, de modo especial as famílias numerosas. Quantas são as mães sozinhas, que lutam para manter os próprios filhos! Quantos são os anciãos abandonados e privados de meios para viver! Nos institutos para crianças órfãs e abandonadas não faltam aqueles que não têm o pão quotidiano e o vestuário suficientes. Como não recordar os doentes, que não podem ser circundados do devido cuidado, por causa da falta de meios? Nas ruas e praças aumentam os desabrigados. Não se pode deixar passar em silêncio a presença entre nós de todos estes irmãos, que fazem também parte da mesma Nação e do mesmo Corpo de Cristo. Ao aproximarmo-nos da mesa eucarística para nos nutrir do seu Corpo, não podemos permanecer indiferentes a respeito daqueles aos quais falta o pão quotidiano. É preciso falar deles, mas também se deve ir ao encontro das suas necessidades. É uma obrigação que grava especialmente sobre aqueles que exercem o poder: a eles, que estão ao serviço do bem comum, compete a tarefa de estabelecer leis adequadas e de dirigir a economia do País, de tal modo que estes fenómenos dolorosos da vida social encontrem a sua justa solução. Mas é também nosso dever comum, um dever de amor, levar ajuda, de acordo com as nossas possibilidades, àqueles que a esperam. «Sempre que fizestes isto a um destes Meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes», diz Cristo (Mt 25, 40). «Sempre que deixastes de fazer isto a um destes pequeninos, foi a Mim que o deixastes de fazer» (Mt 25, 45). Há necessidade da nossa obra cristã, do nosso amor, a fim de que Cristo, presente nos irmãos, não sofra indigência.

No nosso País muito já foi feito sob este aspecto. Também a Igreja na Polónia fez e faz muito a respeito disto. Na actividade pastoral da Igreja entraram já de modo estável as iniciativas em favor dos necessitados, dos doentes, dos desabrigados não somente no País, mas também fora dos seus confins. Estão a desenvolver-se o voluntariado e as obras caritativas. Quero, pois, exprimir o meu apreço a todos aqueles que — entre o clero, os religiosos e os leigos — demonstram cada dia sensibilidade para com as necessidades dos outros, capacidade duma generosa partilha dos bens e grande empenho a favor do outro. O vosso serviço, muitas vezes escondido, com frequência ignorado pelos meios de comunicação, permanece sempre sinal da credibilidade pastoral da missão da Igreja.

Apesar destes esforços, ainda permanece um grande campo de acção. Encorajo-vos, Irmãos e Irmãs, a despertar em vós a sensibilidade para com todo o tipo de indigência, e a colaborar com generosidade ao levar a esperança a todos os que dela estão privados. Que a Eucaristia seja para vós fonte inexaurível desta sensibilidade e da força necessária para a actuar na vida de cada dia.

4. Desejaria deter-me um pouco sobre a questão do trabalho humano. No início do meu Pontificado dediquei a este problema uma Encíclica inteira, a  Laborem exercens. Hoje, dezasseis anos depois da sua publicação, muitos problemas continuam a ser actuais. Muitos deles se acentuaram ainda mais no nosso País. Como não mencionar aqueles que, como consequência da reorganização das empresas e das cooperativas agrícolas, se encontraram diante do drama da perda do trabalho? Quantas pessoas e famílias inteiras caíram por isso numa pobreza extrema! Quantos jovens já não vêem uma razão para empreender os estudos e elevar a sua qualificação escolar, ante a perspectiva da falta de emprego na profissão escolhida! Escrevi na Encíclica Sollicitudo rei socialis, que o desemprego é o sinal do subdesenvolvimento social e económico dos Estados (cf. n. 18). Por isso, é preciso fazer todo o possível para prevenir este fenómeno. O trabalho, de facto, «é um bem do homem — é um bem da sua humanidade — porque, mediante o trabalho, o homem não só transforma a natureza adaptando-a às próprias necessidades, mas também se realiza a si mesmo como homem e, antes, num certo sentido, “se torna mais homem”» ( Laborem exercens, 9). Entretanto, é também uma obrigação que deriva da fé e do amor, para os cristãos que dispõem de meios de produção, empenhar-se em criar lugares de trabalho, contribuindo desse modo para a solução do problema do desemprego no ambiente mais próximo. Peço ardentemente a Deus que todos aqueles que desejam obter de maneira honesta o pão com o trabalho das próprias mãos, tenham as condições adequadas para o fazer.

Ao lado do problema do desemprego está, depois, a atitude de quem considera o trabalhador como um instrumento de produção, com a consequência de que o homem é ofendido na sua dignidade de pessoa. Na prática, este fenómeno assume a forma de exploração. Com frequência ele manifesta-se com modalidade de emprego, no qual não só não é garantido ao trabalhador algum direito, mas este é submetido a tal sentido de precariedade e de temor da perda do trabalho, que na prática é privado de qualquer liberdade de decisão. Muitas vezes esta exploração se manifesta, além disso, em tal horário de trabalho que priva o trabalhador do direito ao repouso e da solicitude pelo bem espiritual da família. A isto une-se muitas vezes também um pagamento injusto, juntamente com negligências no campo dos seguros e da assistência médica. Nem faltam casos em que, especialmente no que concerne às mulheres, é negado o direito ao respeito pela dignidade da pessoa.

O trabalho humano não pode ser tratado apenas como uma força necessária para a produção — a chamada «força de trabalho». O homem não pode ser visto como instrumento de produção. O homem é criador do trabalho e seu artífice. É preciso fazer todo o possível a fim de que o trabalho não perca a sua dignidade própria. A finalidade do trabalho — de todo o trabalho — é o próprio homem. Graças a esse, ele deveria poder aperfeiçoar e aprofundar a sua personalidade. Não nos é lícito esquecer — e isto quero dizê-lo com firmeza — que o trabalho é «para o homem» e não o homem «para o trabalho». Deus colocou diante de nós grandes tarefas, exigindo de nós o testemunho no campo social. Como cristãos, como pessoas que acreditam, devemos sensibilizar as nossas consciências diante de qualquer espécie de injustiça e de qualquer forma de exploração evidente ou camuflada.

Nesta altura, dirijo-me antes de tudo àqueles irmãos em Cristo que oferecem trabalho aos outros. Não vos deixeis enganar pela visão de um lucro imediato, em desvantagem dos outros. Preveni-vos de todo o sinal de exploração. Caso contrário, qualquer partilha do Pão eucarístico se tornará para vós uma censura e uma acusação. A quantos, ao contrário, empreendem um trabalho, qualquer tipo de trabalho, digo: cumpri-o de modo responsável, honesto e cuidadoso. Assumi os vossos deveres em espírito de colaboração com Deus na obra da criação do mundo. «Dominai a terra» (cf. Gn 1, 28). Assumi o trabalho com sentido de responsabilidade pela promoção do bem comum, que deve servir não só a esta geração, mas a todos aqueles que no futuro habitarem esta terra — a nossa terra pátria — a Polónia.

5. «Vê, ofereço-te hoje, de um lado, a vida e o bem; de outro, a morte e o mal. Recomendo-te hoje que ames o Senhor, teu Deus, que andes nos Seus caminhos, que guardes os Seus preceitos, Suas leis e Seus decretos. Se assim fizeres viverás, engrandecer-te-ás e serás abençoado pelo Senhor, teu Deus» (Dt 30, 15-16) — estas palavras do testamento de Moisés ressoam hoje com grande força na nossa Pátria. «Escolhe [portanto] a vida!» (ibid., 30, 19), exorta Moisés.

Sobre que caminho andaremos nós no terceiro milénio? «Ofereço-te hoje a vida e o bem, a morte e o mal», diz o Profeta. Irmãos e Irmãs, peço-vos: «escolhei, então, a vida»! Esta escolha realiza- se no coração, na consciência de cada homem, mas não fica sem uma influência também sobre a vida de uma sociedade — de uma nação. Portanto, cada crente é de algum modo responsável pela forma da vida social. O cristão que vive da fé, que vive da Eucaristia, é chamado a construir o futuro próprio e o da sua Nação — um futuro baseado sobre os sólidos fundamentos do Evangelho. Não tenhais, pois, medo de assumir a responsabilidade da vida social na nossa Pátria. Esta é a grande tarefa que está diante do homem: caminhar com coragem no mundo; lançar as bases do futuro: a fim de que ele seja o tempo do respeito pelo homem; um tempo aberto à Boa Nova! Fazei-o com a unanimidade que nasce do amor pelo homem e pelo amor da Pátria.

No fim deste século, é preciso «um grande acto e uma grande obra», — assim escrevia, certa vez, Stanisław Wyspia ński (Przy wielkim czynie i przy wielkim dziele) — para impregnar a civilização em que vivemos com o espírito de justiça e de amor. Há necessidade de «um grande acto e de uma grande obra», a fim de que a cultura contemporânea se abra amplamente à santidade, a fim de cultivar a dignidade humana, ensinar o contacto com a beleza. Construamos sobre o Evangelho, para podermos, juntamente com as sucessivas gerações de Polacos que vivem numa Pátria livre e próspera, dar graças a Deus com o Salmista:

«Cada dia, [Senhor], Vos bendirei. Invocarei o Vosso nome pelos séculos sem fim. Mui grande é o Senhor, e digno de louvor, a sua grandeza é insondável. Uma geração transmitirá à outra o louvor das Vossas obras, anunciando as Vossas proezas» (Sl 144[145], 2-4).

6. «A minha alma glorifica ao Senhor »! Durante o Congresso Eucarístico Internacional na Baixa Silésia, juntamente com Maria demos graças pela Eucaristia — fonte do amor social. A expressão dessa unidade seja a coroação da imagem milagrosa de Nossa Senhora das Graças, de Krzeszów.

O Santuário de Krzeszów foi fundado por Ana, viúva de Henrique, o Piedoso, um ano depois da batalha de Legnica. Já no século XIII, diante da imagem da Mãe Santíssima, se reuniam multidões de peregrinos. E já naquela época o santuário era chamado Domus Gratiae Mariae. Verdadeiramente era a Casa da Graça, distribuída com generosidade pela Mãe de Deus, aonde chegavam em grande número os peregrinos de vários países, especialmente os Boémios, os Alemães, os Sérvios da Lusácia e os Polacos. Muito nos alegra também hoje o facto de a Mãe de Deus ter reunido numerosos peregrinos destas nações confinantes entre si.

Que este sinal da imposição das coroas sobre a cabeça de Maria e do Menino Jesus seja expressão da nossa gratidão pelos benefícios divinos, que tão copiosos receberam e sempre recebem os devotos de Maria, que se apressam em vir à Casa da Graça, de Krzeszów. Seja também sinal do convite, por nós dirigido a Jesus e Maria, a reinarem nos nossos corações e na vida da nossa Nação. A fim de que todos nos tornemos templo de Deus e corajosas testemunhas do Seu amor pelos homens.

 


Na conclusão da Santa Missa em Legnica, João Paulo II improvisou um breve discurso de saudação, assim se expressando:

Agradeço à Divina Providência este esplêndido encontro eucarístico, iluminado pelo sol. Desejo saudar todos os habitantes da terra de Legnica. A maior parte de vós chegou aqui depois da guerra. Apesar das muitas dificuldades cultivastes a vida religiosa e a cultura polaca. Hoje, exprimo a todos vós a gratidão por esta atitude caracterizada por fé profunda e sincero amor para com a Pátria.

Saúdo os ex-deportados para a Sibéria e as suas famílias que estão aqui presentes. No território da diocese de Legnica vivem muitas pessoas que, haurindo força da fé, viveram a experiência da Sibéria e as pesadas provas dos anos da guerra, do período depois da guerra e dos terríveis campos de concentração. Só graças à fé sobrevivestes às terríveis condições da «terra desumana», sobre a qual vos coube viver, às vezes também durante longos anos. O Bom Deus vos recompense pelos vossos sofrimentos e dê aos mortos o repouso eterno.

Saúdo os ex-prisioneiros do campo de concentração de Gross-Rosen (Rogoźnica). Este campo encontra-se no território da hodierna diocese de Legnica. Em condições difíceis, especialmente nas minas, de onde era extraído o granito, trabalharam naquele campo homens de várias nacionalidades, e entre eles também polacos: sacerdotes e leigos. Muitos morreram. É bom que vos recordeis daquele lugar em que o homem foi profundamente degradado, mas no qual também se manifestou a grandeza do espírito humano.

Estão aqui ainda os trabalhadores das minas e os operários das usinas de aço, de Wa³brzych e arredores, e da região das minas de cobre. Saúdo-vos a todos, irmãos e irmãs, assim como todo o mundo do trabalho da terra de Legnica. Deus esteja convosco! Desejo saudar de modo particular os nossos hóspedes. Entre eles estão o Secretário de Estado, o Cardeal Primaz, o Arcebispo de Wrocław, o Card. Maida, de Detroit nos Estados Unidos, o Card. Vlk, de Praga, o Card. Meisner, de Colónia, o Card. Macharski, de Cracóvia, e muitos outros Bispos da Polónia e do mundo.

A todos agradeço a solidariedade demonstrada para com a Igreja de Legnica. Particulares felicitações a D. Adam Kozłowiecki, da Zâmbia, por ocasião do 60° aniversário de sacerdócio. Estão aqui muitos outros grupos organizados da inteira diocese de Legnica. A todos envio uma palavra de saudação.

Agradeço às Autoridades do Voívodato e da cidade e todos os que prepararam a celebração deste dia. Que Nossa Senhora das Graças, cuja imagem hoje coroámos, vele sobre a vossa fé e sustenha cada um de vós e toda a jovem diocese de Legnica, no cumprimento das tarefas que a Divina Providência vos confia no nosso tempo.

Deus vos recompense pela profunda experiência eucarística de hoje.

Deus abençoe todos vós!

 



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